Presidente lituana alerta para mísseis russos que podem atingir Lisboa

A Presidente lituana acusou, por outro lado, a Rússia de estar a utilizar a Lituânia para experimentar ataques cibernéticos, que depois tenciona utilizar noutros países.

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Marcelo Rebelo de Sousa e a Presidente lituana, Dalia Grybauskaité EPA

A Presidente lituana, Dalia Grybauskaité, alertou nesta terça-feira que a Rússia está a proceder a uma "militarização muito agressiva e rápida" no enclave de Kalininegrado, através da colocação de "mísseis que podem também atingir Lisboa".

Dalia Grybauskaité falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Clube dos Oficiais de Kaunas, na Lituânia, de acordo uma gravação enviada à agência Lusa pelo Palácio de Belém.

“Estamos face a uma militarização muito agressiva e rápida do sector de Kalininegrado, onde estão a ser colocados mísseis que podem também atingir Lisboa”, advertiu a chefe de Estado lituana, depois de “agradecer muito” a Marcelo Rebelo de Sousa a “ajuda de Portugal, que se intensificou após a ocupação [russa] da Crimeia em 2014”.

Marcelo visitou hoje os 140 militares portugueses em missão na Lituânia, numa deslocação de menos de 24 horas àquele país que chegou a fazer parte da antiga União Soviética.

A Presidente lituana acusou, por outro lado, a Rússia de estar a utilizar a Lituânia para experimentar ataques cibernéticos, que depois tenciona utilizar noutros países.

“Os ataques cibernéticos e informáticos estão a ser experimentados no nosso país e a seguir aplicados nos outros países”, afirmou.

Além de agradecer o apoio militar de Portugal, Dalia Grybauskaité lembrou que os países membros da NATO, quer do Leste quer do Sul da Europa, têm “desafios muito similares” no contexto global e colocou a Bielorrússia entre os “países agressivos”.

A Presidente lituana declarou que Portugal participou três vezes em missões de polícia aérea e prevê participar mais uma vez em 2018.

“Orgulhamo-nos de ter um parceiro tão compreensivo, tão fiável e tão bom como Portugal”, disse Dalia Grybauskaité, elogiando ainda a “parceria bilateral” em projectos culturais e afirmando que Portugal é “um dos destinos predilectos” dos estudantes Erasmus lituanos.

Nas suas declarações, Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que Portugal partilha com a Lituânia, relativamente à União Europeia e à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, NATO na sigla em inglês) “os mesmos pontos de vista”.

“No quadro da NATO temos visões comuns quanto aos problemas que se colocam no flanco leste e no flanco sul e que exigem um reforço da organização, uma permanente actualização, uma constante reestruturação”, disse o chefe de Estado Português.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que Portugal acompanha “de forma muito atenta questões que têm preocupado a Lituânia nas relações com países vizinhos”.

“Sabemos por experiência que em todos os domínios e também no domínio nuclear é muito importante o significado político e o cumprimento dos tratados internacionais”, acrescentou.

O chefe de Estado recordou que “Portugal tem participado nos últimos anos com meios aéreos navais e terrestres no reforço da presença da Aliança [Atlântica] no leste da Europa e concretamente na Lituânia com meios aéreos e terrestres, representando um compromisso sério na realização dos mesmos objectivos estratégicos, políticos e militares”.

Marcelo Rebelo de Sousa, que convidou a sua homóloga para uma visita de Estado a Portugal, elogiou a forma como a Lituânia tem tratado os militares portugueses.

“Na visita do chefe de Estado português às forças nacionais destacadas neste país, que aliás é um hóspede notável na forma como acolhe essas forças destacadas, não era possível deixar de estar com a senhora Presidente e dirigir-lhe através da sua pessoa ao povo lituano uma mensagem de amizade profunda e também de solidariedade integral”, declarou.

De acordo com fonte de Belém, o chefe de Estado partiu na segunda-feira para a Lituânia, acompanhado pelo ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Pina Monteiro, e o chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.

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