Quatro anos depois, a Cinemateca “continua com grandes restrições” orçamentais

Director defende que a instituição poderia tornar-se uma fundação. José Manuel Costa diz que a “actividade muito forte” da Cinemateca “não deixa transparecer as dificuldades” vividas.

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José Manuel Costa DANIEL ROCHA

Há quatro anos, soavam os alarmes públicos quanto à suborçamentação da Cinemateca Portuguesa — parecia mesmo não haver meios para abrir e programar Setembro de 2013. Hoje, a Cinemateca Portuguesa “continua com grandes restrições”, disse esta quinta-feira de manhã José Manuel Costa, seu director, fazendo eco de problemas de orçamento, de logística e de pessoal que se arrastam desde a crise. “Há hoje uma contradição flagrante entre a missão e património da Cinemateca e o modelo orgânico administrativo em que estamos a trabalhar”, acrescentou depois ao PÚBLICO.

As dotações extraordinárias do Fundo de Fomento Cultural continuam a ser o ponto de equilíbrio do Museu do Cinema, que gere ainda o Arquivo Nacional de Imagem em Movimento (ANIM) mas “não repõem de modo nenhum as condições de trabalho anteriores a 2011”. No fundo, disse o director, a “actividade muito forte” da instituição “não deixa transparecer as dificuldades” vividas, nem permite “fazermos nós próprios uma actividade descentralizada” como prioriza na sua missão.

Ao PÚBLICO, José Manuel Costa garantiu que existe um diálogo regular com o Governo e com o ministério de Luís Castro Mendes sobre a situação da Cinemateca, mas “não há ainda contexto para poder planear algo de concreto”. Em Outubro, em entrevista ao PÚBLICO, o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, disse existir "a perspectiva" de uma alteração do estatuto da Cinemateca, que não tem uma dotação própria no Orçamento do Estado, mas admitiu que essa se estudava "sem prazo".

A reformulação estatutária da Cinemateca Portuguesa e seu modelo de financiamento foi debatida com mais intensidade na esfera pública desde essa crise de Agosto de 2013, e José Manuel Costa, ponderado, diz agora: “penso que a Cinemateca, à semelhança do que acontece com outras cinematecas europeias, poderia hoje beneficiar, rentabilizar melhor as suas colecções e a sua actividade através de um modelo fundacional. Não é um contexto muito fácil para desenvolver esse caminho, neste momento”, admite.

O responsável prefere não estabelecer prazos para uma transformação, frisando que “as condições e trabalho" na instituição "são muito desadequadas ao percurso da Cinemateca, ao que ela é e ao que ela pode ser”, mas promete também “fazer o máximo possível com os meios que temos”. 

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