"Doping financeiro". Liga espanhola diz que não vai aceitar dinheiro do PSG por Neymar

A Liga espanhola pretende apresentar uma queixa contra o PSG por concorrência desleal e por quebrar as regras de equilíbrio financeiro impostas pela UEFA.

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O desejo de saída de Neymar do Barcelona foi confirmado nesta quarta-feira EPA/QUIQUE GARCIA

A transferência mais cara de todos os tempos parece ter todos os ingredientes para se tornar também uma das mais polémicas. E o presidente da Liga espanhola está em condições de vir a ser quase tão protagonista como Neymar. Em entrevista ao jornal desportivo espanhol As, Javier Tebas garantiu que a Liga espanhola não vai aceitar os 222 milhões de euros que o PSG estará disposto a pagar pelo jogador brasileiro, cujo desejo de sair do Barcelona foi oficialmente confirmado nesta quarta-feira.

Dizendo-se contra os clubes que “competem com doping financeiro e que desestabilizam todo o futebol profissional”, o presidente da Liga espanhola adiantou ao As que já tem pronta para entregar à UEFA, à União Europeia e ao Tribunal Arbitral do Desporto (na Suíça) uma queixa contra o PSG por concorrência desleal.

“Basicamente, o que iremos denunciar é a concorrência desleal que representa competir contra os clubes-Estados, equipas que recebem injecções económicas de países que oferecem jogadores aos seus adeptos, em troca de tirar-lhes outros”, adiantou Tebas, numa entrevista publicada no mesmo dia em que Neymar se despediu oficialmente dos companheiros de equipa em Camp Nou, dizendo-lhes que irá assinar contrato com o PSG.

Ao final da manhã, o clube catalão também comunicou oficialmente o desejo de saída do jogador, salientando que comunicou a Neymar e ao seu pai e representante que o valor da cláusula de rescisão, que desde 1 de Julho é de 222 milhões de euros, “deverá ser pago na totalidade”.

Considerando que o clube parisiense controlado pelo Oryx Qatar Sports Investments (QSi) é um “claro exemplo de doping financeiro”, o presidente da Liga espanhola explicou que as contas do PSG evidenciam que tem mais receitas comerciais que o Real Madrid ou o Manchester United, ou seja, que o valor da sua marca é superior ao dos clubes espanhol e ingês. “Pois bem, isso é algo impossível”, frisou.

Javier Tebas adiantou que a queixa ainda não foi apresentada, pois a Liga espanhola tem estado a aguardar que a UEFA tome “medidas a respeito do jogo limpo financeiro e que evitem o doping financeiro”.

Dizendo-se “surpreendido” por o responsável máximo da área de fair play financeiro daquele organismo, Andrea Traverso, se contentar com o facto de o PSG demonstrar que não terá perdas superiores a 30 milhões de euros num período de três anos, o espanhol sublinhou que Traverso sabe bem que a questão não é essa. “O problema é saber se o PSG inflacionou as suas vendas e é comprovar a origem e o volume económico dos seus patrocínios”. É que “se chegam do Qatar e são difíceis de explicar”, está-se perante “um caso claro de doping financeiro”.

Por isso, o presidente da Liga espanhola garante que não vai aceitar o dinheiro do clube francês. “Não, não vamos aceitar esse dinheiro de um clube como o PSG, que, sem pertencer à Liga espanhola, quer beneficiar de um direito da nossa organização, e mais ainda quando está a infringir normas e leis” de fair-play financeiro e de concorrência. "Se o PSG aparecer com o dinheiro da cláusula [de rescisão] de Neymar, não o aceitaremos", concluiu o responsável da Liga, deixando antever uma eventual batalha jurídica.

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