Coreia do Norte volta a testar míssil intercontinental

É a segunda vez que o regime consegue testar com sucesso um míssil de longo alcance, com capacidade para alcançar território dos EUA. O primeiro-ministro japonês exige mais pressão internacional sobre Pyongyang.

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No início do mês, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico intercontinental (na fotografia) LUSA/KCNA HANDOUT/ARQUIVO

A Coreia do Norte voltou a fazer um teste balístico esta sexta-feira que, ao que tudo indica, envolveu um míssil de longo alcance. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu maior pressão sobre o regime norte-coreano.

O lançamento foi detectado pouco antes da meia-noite no Japão (perto das 14h41 em Lisboa), algo pouco comum nos testes norte-coreanos, realizados quase sempre durante o dia. Desde o início do ano, o regime de Pyongyang já realizou 14 testes balísticos, em desafio das resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Algumas informações apontam para que se trate de um míssil intercontinental (ICBM, na sigla inglesa), com um alcance potencialmente superior ao mais recente teste, no início de Julho. O míssil terá alcançado uma altitude de três mil quilómetros antes de se despenhar no Mar do Japão, disse um responsável do departamento de defesa japonês, citado pela televisão pública NHK.

Como se trata de um ensaio, o lançamento foi realizado num ângulo quase totalmente na vertical, para que o projéctil não sobrevoe território de países vizinhos, e daí ter caído no Mar do Japão. Se se tratasse de um ataque, o ângulo de lançamento seria mais aberto, consoante o objectivo.

O dispositivo testado a 4 de Julho — para coincidir com o Dia da Independência dos EUA — atingiu uma altitude de 2800 quilómetros, acabando por também cair no Mar do Japão. Havia já vários indícios de que o regime liderado por Kim Jong-un se preparava para realizar um novo ensaio, especialmente com a aproximação do aniversário da assinatura do armistício que pôs fim às hostilidades da Guerra da Coreia (27 Julho de 1953).

Segundo os cálculos do especialista em não-proliferação nuclear Jeffrey Lewis, o míssil testado esta sexta-feira poderia atingir dez mil quilómetros, o suficiente para alcançar algumas cidades da costa oeste dos EUA.

Do ponto de vista do regime norte-coreano, o objectivo de testes como este é mostrar ao mundo o progresso no desenvolvimento do seu programa de armamento nuclear. O ensaio bem sucedido de um ICBM representa um avanço assinalável, uma vez que este míssil tem a capacidade para atingir território norte-americano. O Pentágono disse nos últimos dias que é possível que a Coreia do Norte consiga atingir os Estados Unidos com armas nucleares já no próximo ano. Anteriores estimativas apontavam para um prazo mais alargado até ser desenvolvida a tecnologia que possibilite a incorporação de uma ogiva nuclear miniaturizada num míssil que sobreviva à reentrada na atmosfera.

O primeiro-ministro japonês disse, citado pela Reuters, que se deve aumentar a pressão internacional para forçar o fim dos testes balísticos norte-coreanos. O míssil foi lançado pouco tempo depois de o Japão ter anunciado que iria aumentar as sanções contra Pyongyang, razão pela qual Shinzo Abe considera que este teste prova a ameaça que a Coreia do Norte representa para o seu país.

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