Cientistas aconselham Portugal a travar pesca de sardinha imediatamente

Recomendação sugere suspensão da pesca com efeito imediato e durante um período de, no mínimo, 15 anos.

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Filipe Casaca

O Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), o organismo científico que aconselha a Comissão Europeia sobre as quotas de captura de peixe, alerta para um cenário alarmante sobre a evolução da população de sardinhas. A solução é radical e passa pela suspensão total da pesca em Portugal, conta o Jornal de Negócios nesta quinta-feira.

Até agora este organismo recomendava uma redução na quantidade de sardinha que se pode pescar anualmente, mas as medidas defendidas agora são mais dramáticas: a pesca deve ser totalmente suspensa e mesmo assim seriam necessário 15 anos para que o stock de sardinha regressasse a níveis aceitáveis.

De acordo com ICES, o actual plano de gestão da pescaria de sardinha acordado entre Portugal e Espanha "não é precaucionário, nem no curto nem no longo prazo, tendo em conta a produtividade observada desde 1993". “Colocar o stock [de sardinhas] acima do limite de biomassa desovante adequado exigirá, com elevada probabilidade (mais de 95%), 15 anos sem pesca alguma. Porém, se o actual nível de recrutamento (número de sardinhas que superam a idade mínima de um ano para entrar no stock pescável) continuar nos níveis baixos em que está, no futuro aquele limite pode não ser atingido sequer sem nenhuma pesca", cita o jornal.

Embora os pareceres do ICES não sejam vinculativos, estes são sempre tidos em conta pelos países. Ao Jornal de Negócios, o secretário de Estado das Pescas garantiu que "Portugal segue uma política precaucionária em linha com os critérios internacionais definidos pelo ICES" e contraria o alarmismo do relatório.

José Apolinário admitiu que existe um problema com a evolução do stock de sardinhas, mas afastou qualquer relação com a política seguida por Portugal e as quantidades de sardinha capturadas. A redução do stock "é uma consequência directa das alterações climáticas visto que não tem havido um aumento do esforço de pesca".

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