Revestimento da Torre Grenfell retirado do mercado

Já são 75 os edifícios que falharam testes. Informação foi prestada pelo ministro das Comunidades, e surge no sequência do incêndio que matou pelo menos 79 pessoas na torre Grenfell em Londres.

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LUSA/WILL OLIVER

Foram já detectados 75 edifícios em todo o Reino Unido com o mesmo revestimento inflamável que se revelou fatal no incêndio na Torre Grenfell, em Londres, que matou 79 pessoas, informou esta segunda-feira o ministro das Comunidades, Sajid Javid.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, apelou aos proprietários que permitam que os materiais presentes nos seus edifícios, e potencialmente inflamáveis, sejam testados de forma a assegurar a segurança dos residentes.

Segundo noticia ainda a imprensa britânica, a empresa norte-americana que fornecia o material de revestimento utilizado na torre Grenfell, que falhou nos testes de segurança e que terá contribuído para o rápido alastrar do fogo, vai retirar o produto do mercado.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, a empresa norte-americana anunciou que a venda desse revestimento irá ser descontinuada, estando apenas disponível para a construção de edifícios de menores dimensões. Segundo o Independent, que cita o comunicado, a decisão foi tomada devido ao aumento da preocupação relativamente à segurança oferecida por esse revestimento.

“Acreditamos que esta é a decisão correcta devido à inconsistência nos códigos de construção e aos problemas que têm surgido após a tragédia de Grenfell”, avança a Arconic, citada pelo mesmo jornal.

À Reuters, a empresa norte-americana afirmou ter conhecimento de que aquele material iria ser utilizado na contrução do prédio de 24 andares. Contudo, o composto de plástico e alumínio só poderia ser utilizado em edifício até dez metros, o que não aconteceu com a Torre Grenfell, que tinha 60 metros de altura.

Em declarações à agência de notícias, a Arconic afirmou que não é responsável por decidir “o material que é ou não compatível com as regulamentações locais” para a construção dos edifícios. 

o domingo, o deputado e número 2 do Partido Trabalhista, John McDonnell, causou polémica ao dizer que as vítimas do incêndio em Londres foram “assassinadas por decisões políticas”.

Numa intervenção num debate realizado durante o festival de Glastonbury, McDonnell afirmou: “A democracia está a funcionar? Não funciona se for uma família a viver no 20.º andar da torre Grenfell. Essas famílias, esses indivíduos – 79 até agora e vão ser mais – foram assassinadas por decisões políticas que foram tomadas ao longo das recentes décadas”.

As críticas não se fizeram esperar, e algumas partiram do mesmo partido do de McDonnell. Por exemplo, Jim Fitzpatrick, deputado trabalhista, disse, citado pela BBC, que as declarações do seu colega eram inapropriadas. “Tirar conclusões e apontar o dedo da culpa neste ponto, penso que é algo prematuro”, afirmou.

Na sexta-feira, cerca de quatro mil moradores dos 650 apartamentos de quatro torres do bairro social de Chalcots foram retiradas de suas casas, após uma inspecção antifogo permitir identificar “múltiplas falhas” nos edifícios – não só a nível do revestimento, parecido com o de Grenfell, mas também na canalização de gás e nas portas corta-fogo. Ainda assim, cerca de 200 pessoas recusaram sair das suas casas para um alojamento temporário.

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