Governo quer farmácias a dar vacinas obrigatórias

Objectivo é ajudar a combater epidemias de forma mais eficiente.

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Joao Matos

O Governo está a estudar usar a rede de farmácias espalhada pelo país para administrarem as vacinas que integram o Plano Nacional de Vacinação.

Segundo revela nesta quarta-feira o Jornal de Notícias, o objectivo é aproveitar a rede de farmácias para chegar a mais pessoas. O JN cita fonte do executivo, mas a Associação Nacional de Farmácias nega qualquer negociação neste sentido.

Este projecto terá nascido na sequência das recentes epidemias de hepatite e do sarampo, que motivaram várias iniciativas no sentido de vacinar quem não estava imunizado.

As farmácias já administram algumas vacinas, como a da gripe, mas não nenhuma incluída no Plano Nacional de Vacinação. “A ideia será complementar a oferta dos centros de saúde, de forma integrada”, disse ao JN fonte do Infarmed.

Quem já se manifestou contra esta ideia foi o Bloco de Esquerda. O deputado Moisés Ferreira entregou esta semana uma pergunta no Parlamento sobre esta matéria e a pedir a reversão desta ideia.

Já nesta quarta-feira, o Governo diz estar a desenvolver um novo modelo para “maximizar a eficiência” do Programa Nacional de Vacinação e a estudar novas formas de aquisição e distribuição de vacinas.

“O Ministério da Saúde está a desenvolver um novo modelo de governação para maximizar a eficiência do Programa e que implica a aquisição centralizada de vacinas”, refere a Direcção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.

Segundo a DGS, estão ainda a ser estudadas “novas formas de distribuição” e “ainda um sistema complexo de informação baseado num registo central de vacinas que permite conhecer em cada momento, a nível nacional, a história vacinal da pessoa, gerir ‘stocks’ e monitorizar e avaliar o processo e o impacto do Programa”.

Sem se referir a notícia do JN, a DGS afirma que o PNV “é um dos mais efectivos instrumentos de saúde pública, que se pauta por elevados padrões de rigor e de qualidade, cujo sucesso se deve, entre outros factores, ao facto de estar fortemente ancorado no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Salienta ainda que as características do Programa Nacional de Vacinação “têm permitido ganhos substanciais em saúde graças à sua aplicação por profissionais, enfermeiros e médicos, principalmente do setor público, e à adesão dos cidadãos que confiam na vacinação”.

“A aplicação do PNV e o seu grande peso na idade pediátrica muito precoce requerem uma enorme complexidade técnico-científica apoiada em sistemas logísticos e de informação que permitem administrar com segurança vacinas em tempo útil”, sublinha.

A Direcção-Geral da Saúde lembra que as vacinas do Plano Nacional de Vacinação são administradas, sobretudo, no SNS e, em algumas situações, por instituições de saúde do sector privado e social com as quais são celebrados protocolos específicos.

“O sucesso do PNV está associado a uma forte e competente rede pública que importa manter e reforçar e, é nesse sentido, que o novo modelo de governação irá ser implementado”, defende ainda.

 

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