Renzi sugere eleições antecipadas em Itália no mesmo dia que na Alemanha

Ex-primeiro-ministro quer chegar à reunião da direcção executiva do PD, na terça-feira, com um acordo sobre a estratégia a seguir.

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Matteo Renzi

O ex-primeiro-ministro Matteo Renzi defendeu este domingo que a Itália realize eleições antecipadas no mesmo dia das alemãs, marcadas para 24 de Setembro. Do ponto de vista europeu, "faz sentido", disse.

"Para o bem e para o mal, as eleições alemãs são o que divide as águas da política europeia. Votar ao mesmo tempo que Berlim faria sentido, de uma perspectiva europeia, e permitiria ao novo Parlamento começar a trabalhar na política económica dos próximos cinco anos sem perder um único dia", disse Renzi, líder do Partido Democrático (PD).

Em Itália, as legislativas só estão marcadas para Maio de 2018. Mas são cada vez mais as pressões para que sejam antecipadas – muitos falam no Outono de 2017. Analistas em Roma citados pela Reuters disseram na sexta-feira que são favoráveis à antecipação das eleições: apesar de haver o risco de delas sair um Parlamento sem maioria, também poderia ter o efeito de "desacelerar a progressão dos partidos anti-sistema".

O Presidente Sergio Mattarella – o único que pode dissolver o Parlamento – defende que as eleições só devem realizar-se depois de ser aprovada uma nova lei eleitoral, que harmonize o sistema de votação para a Câmara de Deputados e Senado.

Numa entrevista ao jornal Il Messaggero, Renzi disse que o seu partido de centro-esquerda "não pedirá eleições antecipadas, mas não tem medo delas".

Desde que reconquistou a liderança do PD em Abril, o antigo primeiro-ministro tem dado sinais de ser favorável à antecipação das eleições. Renzi demitiu-se do cargo em Dezembro de 2016, depois de ter perdido o referendo sobre mudanças na Constituição para alterar os poderes das duas câmaras do Parlamento, diminuindo os do Senado e reforçando os da Câmara dos Deputados e os do executivo.

Ao Il Messaggero, disse que é possível alcançar um acordo sobre o sistema de votação para se aplicar uma solução semelhante ao modelo proporcional alemão – o que já foi também proposto pelo ex-primeiro-ministro de centro-direita Silvio Berlusconi. "Mas temos de ser cautelosos", advertiu Renzi. "O sistema alemão seria uma solução para saírmos do impasse em que nos encontramos, mas não é a solução para todos problemas. Ter uma coligação no poder é muito arriscado".

Na semana passada, o ex-primeiro-ministro italiano, que foi substituído por Paolo Gentiloni, também do PD, anunciou que ia começar contactos com outras facções do seu partido – muitos dos seus críticos abandonaram a formação quando Renzi se recandidatou – para chegar a acordo sobre a estratégia a seguir no que toca à reforma do sistema de votação e eleições antecipadas antes da reunião da direcção executiva do PT, na próxima terça-feira.

A possibilidade de vitória do partido anti-sistema 5 Estrelas (de Beppe Grillo), que as sondagens põem ao lado do PD com 30% nas intenções de voto, tornou a Itália no grande risco político do momento na zona euro, aos olhos dos investidores.

Renzi disse que a Itália está "debaixo de vigilância especial" por parte dos mercados financeiros até ser conhecido o resultado das legislativas e que antecipar as eleições reduziria a incerteza. Nesse sentido, fazê-las ao mesmo tempo que a Alemanha podia ser útil, concluiu.

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