Paulo David recebe o Global Award for Sustainable Architecture 2017

Arquitecto madeirense é o segundo português a receber este prémio, depois de José Paulo dos Santos em 2013. A Cité de l’Architecture & du Patrimoine premeia este ano o diálogo entre a arquitectura e os materiais renováveis.

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Arquitecto Paulo David Carlos Lopes

O arquitecto Paulo David é um dos vencedores da edição deste ano do Global Award for Sustainable Architecture. O galardão, entregue por um dos principais museus europeus de arquitectura, a Cité de l’Architecture & du Patrimoine, em Paris, em parceria com várias universidades e escolas internacionais, premeia anualmente cinco arquitectos pela inovação e abordagem no conjunto do trabalho desenvolvido.

Paulo David recebeu a notícia com “surpresa” e destaca, para lá do reconhecimento individual – “É sempre importante, embora não saiba bem que impacto é que tem” –, a forma como a arquitectura contemporânea nacional é vista lá fora. “Vivemos um tempo bom para a arquitectura portuguesa, e este prémio é precisamente esse reconhecer do bom que fazemos no país”, sintetizou ao PÚBLICO o arquitecto madeirense, admitindo que, a título pessoal, não sabe (nunca soube) o que estes prémios significam.

Além de Paulo David, que conta também no seu currículo com a Medalha Alvar Alto 2012, o Global Award for Sustainable Architecture 2017 premeia os japoneses Tezuka Architects (Takahura Tezuka e Yui Tezuka), Sonam Wangchuk (Índia), o atelier britânico Assemble e os canadianos Brian MacKay-Lyons e Talbot Sweetapple (MacKay-Lyons Sweetapple Architects).

Atribuído desde 2007, data da inauguração da Cité de l’Architecture & du Patrimoine, a edição deste ano do Global Award for Sustainable Architecture foi dedicada à relação entre a arquitectura e os recursos naturais, privilegiando o diálogo com materiais renováveis e intangíveis como o tempo, a ciência e as novas tecnologias. Preocupações que têm sido a ‘marca d’água’ do arquitecto madeirense, que assinou obras como o Complexo das Salinas, em Câmara de Lobos, ou o Mudas - Museu de Arte Contemporânea, na Calheta.

“A arquitectura tem de fazer uma leitura dos lugares e dos espaços. Respeitar as topografias. Essa é a definição de sustentabilidade”, diz Paulo David ao PÚBLICO, mostrando-se satisfeito por integrar esta shortlist do Global Award for Sustainable Architecture, que já premiou nomes como Wang Shu, Alejandro Aravena, Carin Smuts, Diébédo Francis Kéré, Studio Mumbaï, Anna Heringer, Anne Feenstra, Al Borde, Rotor, Talca School of Architecture, Kengo Kuma ou Gion Caminada.

Paulo David é o segundo arquitecto português a receber este galardão, depois do trabalho de José Paulo dos Santos ter sido reconhecido pela Cité de l’Architecture & du Patrimoine em 2013. Valeram, na altura, ao arquitecto portuense, obras como as Casas do Monte das Alosas, em Baião, Douro, e a intervenção na Pousada Nossa Senhora de Assunção, Arraiolos, e a Academia de Santa Cecília, em Lisboa.

A entrega do Global Award for Sustainable Architecture decorre esta segunda-feira, no auditório da Cité, onde os cinco laureados irão apresentar os respectivos trabalhos. Paulo David, além de percorrer a obra edificada, leva a Paris “ideias e projectos”. Um deles nasceu do trabalho que tem sido desenvolvido no Gabinete da Cidade, no Funchal.

Das cinzas do grande incêndio que em Agosto do ano passado atingiu com violência a capital madeirense, foi criado um gabinete para, a exemplo do que aconteceu com o Chiado, repensar a cidade, procurando soluções sustentáveis para uma malha urbana com quase seiscentos anos.

Paulo David, coordenador do projecto, chamou velhos conhecidos como João Favila e Gonçalo Byrne, e envolveu a Universidade de São Paulo e o Instituto Politécnico de Milão. As soluções serão agora reveladas, pela primeira vez, durante a cerimónia na Cité de l’Architecture & du Patrimoine.

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