Chumbo de Teresa Morais revela "pendor totalitário" do PS, acusa PSD

A deputada tinha sido indicada pelo PSD para presidir ao conselho de fiscalização das secretas, mas foi chumbada pelo PS. Passos fala em "veto".

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Luís Montenegro, com Teresa Morais sentada a seu lado na bancada Enric Vives-Rubio

Foi com palavras duras que Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, reagiu esta quinta-feira ao chumbo do nome da deputada social-democrata Teresa Morais por parte do PS. A decisão foi “chocante”, revela “intolerância política e um "pendor totalitário”, atacou o dirigente social-democrata em declarações aos jornalistas no Parlamento. Montenegro apela ao secretário-geral do PS e primeiro-ministro para contribuir para a superação de uma “ferida aberta” entre os dois partidos.

O líder parlamentar do PS, Carlos César, comunicou ao seu homólogo do PSD que não aceita o nome da deputada e vice-presidente do PSD para presidir ao Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da República Portuguesa (CFSIRP). Segundo Montenegro, fê-lo sem “aduzir” nenhuma razão para o chumbo da candidata proposta do PSD.

“A decisão é chocante. Demonstra que o PS olha para o exercício de cargos públicos de representação parlamentar não com o objectivo de escolher pessoas idóneas mas com partidarite”, afirmou o líder da bancada social-democrata, defendendo que Teresa Morais “é portadora de um currículo profissional, académico e político irrepreensível e inatacável para o exercício desta função”. Teresa Morais, recordou, já fez parte do CFSIRP durante um mandato e meio, antes de integrar o anterior Governo.

“Se tivéssemos essa postura, o PS não teria nenhum membro” naquele órgão, afirmou Montenegro, relembrando que o deputado Filipe Neto Brandão, vice-presidente da bancada socialista, e anteriormente João Soares pertenceram ao órgão de fiscalização das secretas.

O líder da bancada do PSD considerou que a decisão reflecte “intolerância política” e um “pendor totalitário”, que é “padrão deste PS”. E lembrou que, há dois dias, a substituição do secretário-geral das secretas teve a “anuência” do presidente do PSD. O chumbo abre “uma ferida muito delicada e profunda no relacionamento dos partidos políticos e relacionamento institucional que gravita à volta da representação parlamentar”, diagnosticou.

Também Pedro Passos Coelho acusou o PS de ter “vetado” o nome de Teresa Morais. “Não vale a pena pormo-nos aqui com rendilhados. O PS fez um veto político à doutora Teresa Morais, se se tratasse de andarmos a vetar uns aos outros, não havia deputados do PS no CFSIRP, nem em muitos outros órgãos que são eleitos a partir da Assembleia da República”, disse.

Pedro Passos Coelho, que falava no decorrer do jantar de tomada de posse da Comissão Política Distrital de Portalegre do PSD, naquela cidade alentejana, considera ainda que esta situação “mancha a folha” dos socialistas na governação.

“Este é, sem dúvida, um comportamento que eu acho que mancha a folha ao PS e que eu espero que se possa ultrapassar”, afirmou.

“Se nós atuássemos com a pesporrência, com a arrogância que o PS se tem vindo a comportar nunca teríamos chegado a entendimentos para coisa nenhuma, nem teríamos eleito ninguém no Parlamento”, acrescentou.

Luís Montenegro havia rejeitado que o chumbo estivesse relacionado com o impasse relativo aos candidatos à ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), como chegou a ser referido pela deputada Edite Estrela na reunião da bancada do PS esta manhã, de acordo com a agência Lusa.

Para já, o PSD não vai apresentar novo nome e apela a uma intervenção de António Costa. “Cada um deve fazer a sua reflexão. Faremos a nossa e, oportunamente, diremos o que se impõe, em eleições futuras”, disse. 

Por não haver acordo sobre o nome, as eleições para o CFSIRP foram adiadas.

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