Esta edição da revista Cais tem a cara de Marcelo

Juventude, sem-abrigo e um filme duro sobre os tempos da troika. O número de Maio deste projecto social de combate à exclusão foi dirigido pelo Presidente da República. No dia em que recebeu os primeiros exemplares, mandou oferecer logo um ao primeiro-ministro.

Marcelo recebeu as primeiras revistas da edição da Cais que dirigiu
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Marcelo recebeu as primeiras revistas da edição da Cais que dirigiu Rui Ochoa/Presidência da República
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O primeiro-ministro, que chegava para a reunião semanal, foi brindado com um exemplar DR

Marcelo Rebelo de Sousa imprimiu a sua marca na edição de Maio da revista Cais, que começa a ser vendida na rua na segunda-feira. Cumprindo a promessa feita em Belém, quando foi convidado a dirigir este número, o Presidente da República empenhou-se nas escolhas editoriais. O tema que escolheu é a juventude, mas a natureza da revista permite-lhe dar impulso ao desígnio de acabar com os sem-abrigo até 2023. E recordar “as dificuldades por que passaram as empresas, as famílias e os trabalhadores portugueses” nos anos da troika.

No editorial fala de juventude. “A minha escolha dificilmente poderia ser outra, porque acredito que Portugal tem um desígnio de futuro. Nações que se limitam ao comprazimento passadista, se satisfazem com a inércia, que renunciam ao desafio e à mudança são sociedades mortas. Sem passado não há presente nem futuro. Mas o futuro é muito mais do que uma evocação do passado ou uma autossatisfação com qualquer presente. Eu acredito no futuro de Portugal e sei que o país já começou a criá-lo com a sua juventude”, escreve o Presidente-director.

Marcelo deixa dois desafios aos jovens: “O primeiro é um desafio de construção do próprio futuro. Tantas vezes contra corrente, dinâmico, inventivo, capaz de se reinventar, apostado na independência. Um futuro que consiga prevenir e evitar os fenómenos de marginalização e exclusão social. Mas um futuro que também pense nos outros”. Entra aí o segundo: “Um desafio para que se assuma o compromisso de solidariedade e, consequentemente, de um Portugal mais justo”.

O tema é tratado na revista em várias frentes. Desde logo, com um encarte onde se divulga, em primeira mão, um retrato dos jovens portugueses, numa parceria entre a PorData e o Conselho Nacional de Juventude. Depois, com os artigos de dois convidados, de gerações e perfis muito diferentes – Nelson Évora e Adriano Moreira , sobre os desafios do futuro para os jovens. Por último, uma reportagem sobre os “Nem-Nem”, os jovens que não trabalham nem estudam e que serão cerca de 300 mil em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística.

Os sem-abrigo estão presentes em toda a revista, desde logo pela sua natureza como “projecto de apoio à autonomia de pessoas em situação de exclusão social”. Marcelo escolheu dedicar nove páginas a um trabalho fotográfico a preto e branco de Mário Cruz, intitulado Roof (tecto), sobre pessoas que se resguardam em locais abandonados de Lisboa, e que por isso não entram nas estatísticas.

Para a rubrica Cultura de Causas, escolheu o filme São Jorge, de Marco Martins, e escreve porquê: “O cinema documenta o tempo em que vivemos, e São Jorge é um filme dos anos da troika e das dificuldades por que passaram as empresas, as famílias, os trabalhadores portugueses. Um filme nocturno, duro, mas que na personagem interpretada por Nuno Lopes encontra uma espécie de santo, um homem bom que pretende continuar bom em tempos maus”.

Na quinta-feira, Marcelo recebeu em Belém uma delegação da Cais que lhe levou as primeiras dez revistas impressas. O Presidente comprou-as, como sempre faz, e pregou uma pequena partida ao primeiro-ministro. Sabendo que António Costa estava a chegar para a reunião semanal, pediu ao vendedor para lhe levar uma revista. Costa aceitou, de sorriso nos lábios. Aos poucos, o Governo vai aderindo ao desígnio traçado por Marcelo.

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