Pela primeira vez nas competições organizadas pela UEFA, um jogador chegou ao número redondo de 100 golos e esse jogador só podia ser um. Nesta quarta-feira, em Munique, Cristiano Ronaldo marcou os seus 99.º e 100.º golos em competições europeias no triunfo do Real Madrid por 2-1 no Allianz Arena sobre o Bayern Munique, em jogo da primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, garantindo uma vantagem importante para a equipa “merengue” levar para o jogo da segunda mão, no Bernabéu, na próxima terça-feira. O Real não começou bem, mas teve a sorte do jogo e contou com a inspiração de Ronaldo, decisivo em mais que uma maneira, para manter-se confortável na defesa do título.

Este era um clássico do futebol europeu com muitos reencontros. Xabi Alonso e Arjen Robben encontravam-se com o Real, Toni Kroos voltava ao Allianz Arena, e Carlo Ancelotti enfrentava o seu antigo jogador e adjunto, Zinedine Zidane. Com Reanto Sanches no banco, entrou melhor o Bayern, a justificar a vantagem que haveria de alcançar aos 25’. Canto marcado por Thiago Alcântara e Arturo Vidal, nas alturas, fez o 1-0 com um cabeceamento cheio de potência. O melhor que o Real conseguiu fazer na primeira parte foi um remate de fora da área de Ronaldo a que Neuer respondeu bem na baliza bávara.

O ponto de viragem do jogo aconteceria ainda antes do intervalo, em que o Real Madrid teve azar numa decisão arbitral, mas, depois, teve a sorte do seu lado. Um remate de Ribéry foi parar ao peito de Carvajal, o árbitro italiano Nicola Rizzoli considerou que o defesa espanhol desviou a trajectória da bola com o braço e marcou penálti. Na conversão do castigo, Vidal passou de herói a vilão, atirando bem por cima da baliza de Keylor Navas.

Na segunda parte, o Real entrou com tudo e rapidamente nivelou o marcador. Carvajal, o homem do penálti que não existiu, faz o cruzamento e Ronaldo, de forma acrobática, fez o empate aos 47’. E antes de marcar o golo que seria o da vitória, Ronaldo foi decisivo mais uma vez. Aos 58’ e 61’, foi ele que sofreu duas faltas de Javi Martínez, ambas punidas com amarelo e que conduziriam à expulsão do internacional espanhol. Com mais um, o segundo golo “merengue” foi uma questão de tempo. Pouco depois de entrar, Asensio fez o cruzamento para Ronaldo fazer o 2-1 e tornar-se no primeiro goleador centenário da história das competições europeias.

Foi um regresso em grande de Ronaldo aos golos na Champions, ele que passara os últimos seis jogos da competição sem marcar. Este “bis” com que chegou aos 100 surge quase 12 anos depois de se ter estreado a marcar nas competições europeias — foi num jogo da pré-eliminatória da Champions a 9 de Agosto de 2005, em Old Trafford, num triunfo do Manchester United por 3-0 sobre o Debrecen, da Hungria, com o português a marcar o terceiro. Para além desse golo, Ronaldo marcaria mais 15 pelos “red devils”, levando já 82 pelo Real na Champions, mais dois na Supertaça Europeia.

Atlético pela margem mínima

No Vicente Calderón, defrontavam-se duas equipas com filosofias semelhantes e acabou por triunfar quem era a favorita e mais experiente nestas andanças. O Atlético de Madrid saiu do primeiro jogo com o Leicester na frente (1-0), graças a um penálti convertido por Antoine Griezmann, mas não é um resultado que deixe a equipa de Diego Simeone muito tranquila para o jogo da segunda mão. É que os campeões ingleses também perderam a primeira mão da eliminatória anterior, em Sevilha, e conseguiram dar a volta no King Power Stadium.

O jogo ficou decidido aos 28’. Numa jogada de contra-ataque, Griezmann avançou a toda a velocidade na direcção da baliza de Kasper Schmeichel e Marc Albrighton não teve alternativa senão fazer falta sobre o francês. O empurrão foi fora da área, mas o árbitro Jonas Eriksson entendeu que tinha sido dentro. Na conversão do castigo, Griezmann fez o 1-0, mas este golo relativamente madrugador não conseguiu impulsionar o Atlético, finalista em duas das três últimas edições da Champions, para um resultado mais fácil de defender na próxima terça-feira em Leicester. mvaza@publico.pt