Ucrânia pode ficar de fora da Eurovisão por não deixar entrar concorrente russa

União Europeia de Radiodifusão ameaçou excluir a Ucrânia de futuras competições, mas o país insiste em não aceitar a entrada da concorrente russa, Iulia Samoilova.

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A Ucrânia insiste que Iulia Samoilova “violou a lei ucraniana” LUSA/RUSSIAN TV CHANNEL 1

A Ucrânia rejeitou o ultimato dos organizadores do Festival Eurovisão da Canção para levantar a proibição de entrada no país da candidata da Rússia, Iulia Samoilova, o que pode levar o país a ser afastado de futuras participações na competição musical.

A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) tinha pedido ao primeiro-ministro ucraniano, Volodimir Groisman, que anulasse a "inaceitável" proibição da participação da cantora russa na final da Eurovisão, que está marcada para 13 de Maio, em Kiev.

Numa carta enviada na semana passada, relata a BBC, a directora da EBU, Ingrid Deltenre, alertava que a emissora pública ucraniana UAPBC “pode ser excluída de eventos futuros” se Kiev insistir em impedir a entrada de Samoilova. "Nunca um país anfitrião tinha impedido um artista de actuar no Festival Eurovisão da Canção e a EBU não pretende abrir um precedente em 2017", escreveu a responsável. "Deixa-nos cada vez mais frustrados, até mesmo furiosos, que a competição deste ano esteja a ser usada como munição no confronto entre a Rússia e a Ucrânia."

A Ucrânia insiste que Iulia Samoilova “violou a lei ucraniana” quando, em 2015, actuou num concerto na Crimeia, território que foi anexado pela Rússia em 2014. E não recua na sua posição. “É inédito e inaceitável exigir à Ucrânia decisões tão extraordinárias em favor da Rússia”, afirmou neste sábado o vice-primeiro-ministro ucraniano Viacheslav Kirilenko, numa entrevista de rádio que partilhou no Twitter.

Kirilenko reiterou que a Rússia pode participar na Eurovisão, em Kiev, se enviar uma participante “que não tenha violado a lei ucraniana”.

A Rússia, por seu lado, também não aceita a proibição de Kiev. Na semana passada, refere a AFP, rejeitou um acordo oferecido pela EBU que permitiria a Iulia Samoilova, 27 anos, competir via transmissão por satélite.

Alguns dirigentes ucranianos consideraram a escolha de Samoilova, que ficou paraplégica durante a infância devido a uma reacção a uma vacina, uma “provocação” russa para forçar Kiev a impedir a entrada de uma concorrente com uma deficiência, em particular num ano em que o lema escolhido é “Celebrar a diversidade”.

A Ucrânia tornou-se anfitriã da Eurovisão depois de vencer o concurso no ano passado, com a canção 1944, interpretada pela cantora Jamala, sobre o drama da minoria tártara da Crimeia, que foi alvo de deportações pelo regime soviético durante a II Guerra Mundial, sob o comando de Estaline. 

As meias-finais da competição estão marcadas para dia 9 e 11 de Maio e as finais terão lugar no dia 13. Salvador Sobral será o representante português.

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