Maduro pede ajuda à ONU para enfrentar falta de medicamentos

Presidente da Venezuela diz que vai acatar as recomendações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Oposição exigia um pedido de ajuda internacional há muito tempo.

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Nicolás Maduro estava a ser pressinado para fazer um pedido de ajuda internacional Marco Bello/Reuters

A meio da semana passada, dezenas de venezuelanos acorrentaram-se a uma farmácia em Caracas, em protesto contra a escassez de medicamentos no país. Dois dias depois, debaixo de uma pressão cada vez maior, o Presidente Nicolás Maduro pediu publicamente o apoio das Nações Unidas para enfrentar o problema.

De um lado, o Governo de Maduro insiste que a escassez de medicamentos – e outros problemas, como o desemprego e a insegurança, por exemplo – é resultado de uma "guerra económica" contra a Venezuela e da queda abrupta dos preços do petróleo. Do outro, a oposição acusa Maduro de estar agarrado ao poder e de cavar cada vez mais fundo o buraco para onde o país está a cair.

No meio, milhões de cidadãos têm sofrido até ao ponto do desespero, como os idosos da associação Abuelos de Miranda que se juntaram ao protesto Acorrentados pela Vida, na passada quarta-feira. De acordo com o director da Coligação de Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida, Francisco Valencia, a escassez de medicamentos para tratar doenças crónicas como a diabetes e a hipertensão arterial ronda os 90% – os poucos que conseguem medicar-se têm de pagar valores muito elevados no mercado negro.

Para atenuar esta situação, há muito que a oposição e organizações não-governamentais vinham exigindo que o Governo de Nicolás Maduro pedisse ajuda internacional. Esse pedido chegou sexta-feira, pela voz do próprio Nicolás Maduro, na estação de televisão estatal: "Pedi apoio às Nações Unidas para fazer frente a feridas económicas e sociais que afectam o nosso povo devido à guerra económica e à queda abrupta dos preços do petróleo no ano passado."

Perante as palmas da assistência, Nicolás Maduro disse que deu instruções aos seus ministros para que acatem as recomendações do mais recente Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Com uma cópia do relatório da ONU apertada contra o peito, Maduro salientou que a Venezuela ficou em 67.º lugar entre os 187 países avaliados, e que a subsecretária-geral da ONU e directora do PNUD na América Latina e Caraíbas, Jessica Faieta, ficou "maravilhada" com o programa social Barrio Adentro.

No relatório sobre o índice de desenvolvimento humano lê-se que a Venezuela registou uma melhoria de 20% entre 1990 e 2015, o que deixa o país na lista das nações com um nível de desenvolvimento humano alto – em comparação, Portugal ficou na 41.ª posição, no quadro dos países com um nível de desenvolvimento humano muito alto.

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