O oleoduto que Obama não quis vai mesmo ser construído

Departamento de Estado norte-americano levanta o último obstáculo e Donald Trump vai cumprir uma promessa eleitoral.

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A construção do oleoduto foi travada por Barack Obama em 2015 Terray Sylvester/Reuters
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Donald Trump assinou um decreto assim que tomou posse SHAWN THEW/EPA
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Manifestação em Nova Iorque contra a decisão de Donald Trump, em Janeiro Stephanie Keith/Reuters
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A bandeira do Movimento Índio Americano durante um protesto na Califórnia Lucy Nicholson/Reuters
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Obama defendeu a paragem com razões ambientais Kevin Lamarque/Reuters

Depois de anos de polémica com muitos avanços e recuos, o gigantesco oleoduto que liga o Canadá ao estado norte-americano do Texas vai mesmo ser concluído. O último obstáculo foi levantado esta sexta-feira, com a autorização do Departamento de Estado.

A decisão de travar a construção da parte do oleoduto conhecida como Keystone XL foi uma das bandeiras do ex-Presidente Barack Obama – em Novembro de 2015, ao fim de sete anos de espera por decisões judiciais e pareceres governamentais, Obama anunciou que o projecto ia ser abandonado porque a sua construção "teria prejudicado a liderança mundial dos Estados Unidos no combate às alterações climáticas".

"Durante anos, o oleoduto Keystone XL ocupou um lugar sobrevalorizado no nosso discurso político. Tornou-se um símbolo, muitas vezes usado como arma de campanha por ambos os partidos, em vez de ser um assunto sério sobre políticas. Tudo isto escondeu o facto de que este oleoduto não seria uma solução mágica para a economia, como alguns prometiam, nem uma auto-estrada para desastres ambientais, como outros proclamavam", disse Obama em Novembro de 2015.

Mas a lista de promessas eleitorais de Donald Trump incluía a anulação dessa ordem de Barack Obama, e o novo Presidente dos Estados Unidos assinou um decreto nesse sentido assim que tomou posse. Faltava apenas a luz verde do Departamento de Estado, já que o gigantesco oleoduto começa no Canadá e atravessa vários estados norte-americanos.

O Keystone XL é a última fase de um gigantesco sistema de oleodutos com capacidade para transportar o equivalente a mais de 800 mil barris por dia desde a província de Alberta, no Canadá, ao estado do Texas, nos EUA. Quatro dos cinco oleodutos estão em funcionamento, mas o último, o Keystone XL (que na prática serve para encurtar uma distância já coberta por outro oleoduto, entre Alberta e o estado do Nebraska), ficou por concretizar por decisão do Presidente Barack Obama.

Os defensores da construção do oleoduto argumentam que o projecto vai criar várias dezenas de milhares de postos de trabalho, mas um relatório do Departamento de Estado durante a Administração Obama baixou as expectativas – segundo o documento, publicado em 2015, a construção do oleoduto pode criar 42 mil postos de trabalho directa e indirectamente, mas só 3900 seriam empregos na construção propriamente dita e apenas 50 teriam emprego depois de o oleoduto ficar concluído, na área da manutenção.

Os críticos da construção dizem que o oleoduto é um passo na direcção errada em termos ambientais e vai representar um perigo acrescido devido à possibilidade de vazamentos. Entre os opositores estão também várias tribos nativas americanas, lideradas pelos Sioux de Standing Rock – o traçado atravessa um território que a tribo considera ser sagrado e pode contaminar águas vitais para a sua sobrevivência, na confluência dos rios Missouri e Cannonball, no Dakota do Norte.

 

 

 

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