Erdogan diz que acordos com União Europeia serão revistos depois do referendo

Depois das acusações feitas à Alemanha e à Holanda, o Presidente turco admite rever as relações políticas e administrativas com a União Europeia “de A a Z”.

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As relações entre o Governo turco e a Holanda e Alemanha têm estado tensas Reuters/OSMAN ORSAL

O Presidente turco, Recep Erdogan, anunciou que a Turquia vai manter as relações económicas com a União Europeia mas irá rever os acordos políticos e administrativos, incluindo o que trava a chegada de refugiados e migrantes ao território europeu. Isto acontecerá depois de um referendo na Turquia, a 16 de Abril, que tem como objectivo alterar a Constituição e garantir mais poder a Erdogan.

Numa entrevista à CNN turca, Erdogan disse que iria rever as relações da Turquia com a União Europeia “de A a Z”.

O referendo constitucional concentrará mais poderes no Presidente, ao eliminar o cargo de primeiro-ministro e fazendo com que as iniciativas legislativas partam do Parlamento e não do Governo. Se a maioria votar “sim”, as alterações à Constituição vão transformar a Turquia num regime presidencialista. A campanha pelo “sim” defende que este reforço é necessário para “defender a soberania” do país, ameaçada pelos atentados do Daesh, a guerra na Síria e os conspiradores por trás do golpe falhado de Julho, disse o Presidente.

Na entrevista desta quinta-feira, Erdogan referiu que os países europeus estão a permitir acções que apelam ao voto “não” mas que estão a banir aqueles que se mostram a favor do “sim” no referendo. O Presidente turco acusou ainda a Alemanha de apoiar o terrorismo e disse não ter qualquer tenções de visitar o país antes do referendo.

Já anteriormente o Presidente turco tinha acusado o Governo de Berlim de se comportar como os nazis, por cancelar dois comícios organizados pelo Governo turco para conseguir apoio – entre o milhão e meio de imigrantes que vivem na Alemanha – para o referendo.

Nesta segunda-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, avisou o Presidente turco para que parasse de fazer comparações entre o seu Governo e os nazis, ameaçando que, caso não o fizesse, mais políticos turcos seriam impedidos de realizar comícios na Alemanha. 

Também a Holanda cancelou comícios de promoção do referendo de 16 de Abril, o que fez com que o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Melvut Cavusoglu acusasse o Governo holandês de não ser democrático. Posteriormente Recep Erdogan recordou, num discurso televisivo, um dos episódios mais traumáticos da história recente da Europa: “Conhecemos a Holanda e os holandeses do massacre de Srebrenica, sabemos quão podre é o seu carácter por causa do massacre de oito mil bósnios”. O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, reagiu às afirmações de Erdogan considerando-as uma “falsificação vil da história”.

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