Fechado 23 horas por dia, El Chapo perdeu a noção do tempo e tem alucinações na prisão

A saúde mental do narcotraficante tem vindo a deteriorar-se e os seus advogados consideram que a situação é “insustentável”. El Chapo diz ouvir música vinda de um rádio, mesmo quando se encontra desligado.

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A chegada de Joaquín Guzmán a Nova Iorque, após a sua extradição. Reuters/HANDOUT

Na prisão de alta segurança do Metropolitan Correctional Center de Manhattan, em Nova Iorque, o narcotraficante Joaquín El Chapo Guzmán passa 23 horas por dia fechado numa cela fria, sem janelas, sem televisão e sem relógio. Os advogados do mexicano dizem que perdeu do tempo, não conseguindo distinguir o dia da noite, e que o quotidiano de El Chapo se tornou num pesadelo.

Guzmán, talvez o maior narcotraficante do mundo, está na prisão nova-iorquina desde 19 de Janeiro, dia em que foi extraditado para os Estados Unidos, acusado de crimes como homicídio, lavagem de dinheiro, tráfico de droga ou rapto em cidades como Chicago, Nova Iorque ou Miami, arriscando uma pena prisão perpétua. 

Os advgodados de Guzmám apresentam agora um recurso referindo que a cela não tem condições adequadas de climatização e que, não raramente, faltam roupas que possam aquecer o recluso, avança o El País. A luz artificial está sempre ligada, o que torna difícil a El Chapo saber que altura do dia é. Na moção, é referido que o mexicano tinha comprado um relógio que era “a sua única maneira de distinguir o dia da noite”, mas o aparelho foi retirado da sua cela sem qualquer explicação.

Em teoria, El Chapo tem direito a ver uma hora de televisão por dia, de segunda a sexta-feira, mas os seguranças responsáveis preferem manter a televisão apagada até encontrarem programas adequados, como os documentários da National Geographic. Para além disso, essa hora de televisão coincide com a única hora do dia em que Joaquín Guzmán não passa na cela, já que é o tempo em que lhe é permitido fazer exercício físico numa outra sala, também sem janelas.

Até ao momento, os advogados são as únicas visitas que El Chapo tem recebido – e estes estão impedidos de lhe transmitir quaisquer mensagens por parte da sua mulher, Emma Coronel. O narcotraficante não pode falar com outros reclusos e os guardas também se têm negado a estabelecer contacto.

Na moção apresentada, é ainda receado o impacto do mediatismo dado a El Chapo, como a produção de séries e filmes sobre a sua vida, que o apresentam como culpado dos crimes de que é acusado, ainda antes de decorrer o julgamento. Os advogados acreditam que Guzmán deveria ter o direito de falar com a imprensa e oferecer a sua versão dos factos.

O barão da droga e líder do cartel de Sinaloa está na mesma prisão por onde já passaram presos mediáticos como Ramzi Ahmed Yousef, a autor do antentado contra World Trade Center em 1993 (anos antes do devastador ataque de 11 de Setembro). Apesar das apertadas medidas de segurança, vários presos tentaram ou conseguiram fugir desta cadeia.

El Chapo também é conhecido por fugas surpreendentes, tendo escapado da prisão mexicana de alta segurança de Altiplano, em 2015, através de um túnel escavado sob o chuveiro. Já em 2001, Guzmán tinha fugido dentro de um carro da lavandaria daquela cadeia. Um dos argumentos das autoridades norte-americanas para conseguir a extradição de El Chapo foi precisamente o de que o mexicano dificilmente conseguiria escapar de uma prisão nos Estados Unidos.

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