Le Pen diz ser vítima da "justiça política"

Acumulam-se processos contra a candidata, mas a líder da extrema-direita continua a ser a favorita para ganhar a primeira volta das presidenciais francesas.

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Marine Le Pen tem 27% das intenções de voto na primeira volta das presidenciais Stephane Mahe/REUTERS

Com a justiça a apertar o cerco a Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita francesa às presidenciais recusou-se a comparecer à convocação para responder às perguntas da polícia judiciária sobre o que se suspeita serem os empregos fictícios da sua assistente no Parlamento Europeu Catherine Griset e do guarda-costas Thierry Légier, ambos com estatuto de arguidos desde a semana passada.

Le Pen, que ainda é dada como a favorita para ganhar a primeira volta das presidenciais, a 23 de Abril, com 27% das intenções de voto, continua a usar e abusar da estratégia de se apresentar como vítima “do sistema”, de “uma justiça política”. Não é nada de novo no discurso da Frente Nacional (FN), mas os processos começam a acumular-se – ao mesmo tempo que se revela a forma como vários pequenos partidos de extrema-direita e eurocépticos exploram o Parlamento Europeu para obter dinheiro e financiarem as suas actividades, como revelava o Le Monde no sábado.

Durante estas eleições, vai-se ouvir falar mais do caso dos empregos fictícios no Parlamento Europeu, porque as autoridades francesas acabam de começar as suas investigações. Mas desde 2014 que a FN se debate com uma investigação sobre o financiamento da campanha das eleições presidenciais e legislativas de 2012, que se alargou para as outras eleições realizadas desde então, e que a justiça julga terem sido pagas da mesma forma fraudulenta.

Não só os candidatos da FN são obrigados a comprar kits de campanha – com cartazes, folhetos e o desenho de sites a preços demasiado elevados, e que só podem ser adquiridos a empresas ligadas a Marine Le Pen – como os lucros são ainda facturados indevidamente ao Estado francês, como se fossem despesas, através de entidades cuja natureza é pouco clara. O caso ainda não chegou a julgamento, mas há cerca de uma dezena de pessoas constituídas arguidas, entre elas um amigo de infância de Le Pen, Frédéric Chatillon.

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