É altura de os aliados “fazerem mais” pela NATO, diz Mike Pence

Os Estados Unidos vão continuar a apoiar a NATO, mas os aliados têm de abrir o cordão à bolsa, defendeu o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, em Munique.

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Mike Pence diz que a Rússia tem de cumprir o acordo de paz para a Ucrânia Reuters/MICHAEL DALDER

O vice-Presidente dos Estados Unidos Mike Pence reassegurou este sábado que o país vai apoiar a Aliança Atlântica e os seus aliados europeus, mas voltou a frisar que esse apoio está dependente de um investimento mais elevado na defesa pelos restantes Estados-membro.

Naquele que foi o seu primeiro encontro com líderes europeus desde que chegou à Casa Branca, Pence não deixou escapar a oportunidade fazer avisos. Embora tenha garantido que os Estados Unidos vão continuar a apoiar a NATO, o governante fez eco das palavras do Presidente Donald Trump e criticou a falta de empenho da maioria dos aliados em investir nas suas forças armadas. Segundo a Reuters, Pence lamentou que os aliados tenham “um percurso irregular ou pouco credível” nesta matéria. Um recado destinado à Alemanha, França e Itália, escreveu o Guardian.

“Chegou a altura de fazer mais”, disse Mike Pence na 53.ª Conferência de Segurança de Munique, lembrando que, além dos Estados Unidos, apenas quatro países da NATO (o Reino Unido, a Polónia, a Grécia e a Estónia) cumpriram o objectivo (fixado numa cimeira de 2014) de alocar 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa militar.

Se os Estados Unidos estão vinculados pelo artigo 5.º do Tratado da Aliança Atlântica que diz que um ataque a um dos membros é um ataque a todos, então não há como ignorar o artigo 3.º, sobre o compromisso de partilhar o esforço financeiro, sublinhou ainda o vice de Donald Trump na conferência onde participam 500 delegados de vários países, incluindo chefes de Governo e ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.

A intervenção de Pence seguiu-se à da chanceler alemã Angela Merkel, que garantiu que as pressões norte-americanas para aumentar os gastos com as forças militares não vão surtir efeito no seu Executivo. A Alemanha comprometeu-se a reforçar o orçamento para as forças armadas ao longo de uma década e é nesse horizonte temporal que vai trabalhar. Além disso, frisou a chanceler, a Alemanha encara o investimento em países em vias de desenvolvimento como medidas tão fundamentais para a segurança mundial como o investimento militar.

As declarações de Mike Pence surgem dias depois de o novo secretário da Defesa dos Estados Unidos, o general James Mattis, ter assegurado que a Administração Trump vai reduzir o investimento na NATO se os restantes membros não cumprirem o objectivo de investimento. Apesar do tom de ultimato, na reunião com os aliados em Bruxelas, Mattis sublinhou que a NATO “permanece um pilar fundamental para os Estados Unidos e a comunidade transatlântica”.

Na intervenção na conferência de Munique, Mike Pence também deixou recados para a Rússia: é preciso honrar os acordos de paz de Minsk e travar a violência no leste da Ucrânia. “Saibam isto: os Estados Unidos vão continuar a responsabilizar a Rússia, mesmo que procuremos novas bases para um entendimento comum que, como sabem, o Presidente Trump considera possível”, afirmou Pence, segundo uma cópia do seu discurso a que a Reuters teve acesso.

Depois da conferência, Pence e Merkel têm agendado um encontro bilateral. O vice-presidente dos Estados Unidos deverá ainda reunir-se com responsáveis ucranianos e dos países bálticos.

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