EUA ameaçam baixar investimento na NATO se países não pagarem mais

Secretário da Defesa, James Mattis deixou um ultimato aos parceiros. Mas garantiu que a Aliança Atlântica é um “pilar fundamental”.

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O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, com James Mattis Francois Lenoir/REUTERS

James Mattis, na sua primeira reunião na NATO como secretário da Defesa dos EUA, avisou os parceiros de que têm de cumprir os seus compromissos financeiros, para garantir que os norte-americanos não “moderam o seu apoio” à Aliança Atlântica.

“A América vai cumprir as suas responsabilidades, mas se as vossas nações não quiserem que a América modere os seus compromissos com a Aliança, todas as vossas capitais têm de demonstrar apoio à nossa defesa comum”, afirmou Mattis, um ex-comandante supremo da NATO, num discurso na reunião em Bruxelas e cujo conteúdo foi fornecido aos jornalistas que viajaram com ele para a Europa.

“Os americanos não podem estar mais preocupados com a segurança dos filhos do que vocês”, disse o antigo general dos marines aos parceiros europeus da NATO. Apelou a que se estabeleçam “prazos-limite”, durante este ano, para se verificar se os membros da Aliança Atlântica estão a cumprir o compromisso de gastar 2% do seu produto interno bruto (PIB) em defesa, conforme ficou estabelecido numa cimeira em 2014.

Esta declaração soa a ultimato. Mas antes, à entrada para a reunião com Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, Mattis tinha dado garantias de que a Aliança Atlântica se mantém como essencial para a cooperação entre os EUA e a Europa, receosa das declarações de Donald Trump, que, em campanha, considerou a NATO “obsoleta”.

Mattis garantiu que a NATO tem o “forte apoio” da nova Administração norte-americana. “A Aliança permanece um pilar fundamental para os Estados Unidos e a comunidade transatlântica. Permanecemos juntos”, afirmou.

A preocupação norte-americana com a falta de investimento dos europeus em defesa não é nova: a Administração Obama manifestou-a repetidamente, ainda que sem grande resultado. Em 2016, apenas cinco dos 28 aliados cumpriram o patamar acordado — Estónia, Grécia, Polónia, Reino Unido e Estados Unidos. Mas o anterior Presidente dos EUA nunca avançou com a possibilidade de abrandar o compromisso com a defesa da Europa face à Rússia.

Mattis fez-se portador de uma mensagem mais ameaçadora da Administração Trump para os europeus, ainda antes da cimeira da NATO com o Presidente dos EUA, prevista para 25 de Maio, em Bruxelas. “É justo pedir que todos os que beneficiam da melhor defesa que existe no mundo paguem uma fatia proporcional do que é necessário para defender a liberdade.”     

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