Ambientalistas anunciam manifestação popular contra poluição no Tejo

O aumento da poluição no rio Tejo tem causado preocupações a diversas associações ambientalistas. A proTEJO e a Quercus exigem uma mão mais forte por parte do governo.

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No dia 26 de Setembro de 2015, o proTEJO realizou a primeira manifestação contra a poluição no rio Tejo EVR ENRIC VIVES-RUBIO

O Movimento pelo Tejo - proTEJO anunciou nesta quinta-feira a realização de uma manifestação de protesto contra a poluição do rio Tejo e seus afluentes, no dia 4 de março, junto ao cais de Vila Velha de Ródão.

"Os fenómenos extremos de poluição, que se têm verificado no rio Tejo e seus afluentes nos últimos dias justificam a realização desta manifestação popular de protesto e para a qual o proTEJO convoca toda a população e comunidades ribeirinhas a participar, numa demonstração de cidadania que visa travar as fontes poluidoras e salvar o rio Tejo", disse à Lusa Paulo Constantino, porta-voz do movimento ambientalista, com sede em Vila Nova da Barquinha, no distrito de Santarém.

"As águas do rio Tejo estão negras, cheias de mantos de espuma branca e que consubstanciam casos de poluição extrema, devidamente fotografados e filmados por membros do proTEJO e cidadãos preocupados. Não há vida nem ecossistemas que resistam a esta barbaridade, que configura um crime gravíssimo, pelo que exigimos do Governo que tome medidas imediatas relativamente às licenças de emissões poluentes das fábricas situadas em Vila Velha de Ródão", no distrito de Castelo Branco.

Paulo Constantino disse que "a origem do problema está bem identificada pelo Governo", tendo defendido a "urgente e imediata revisão da licença de quantidade e qualidade de descargas de afluentes da empresa Celtejo, bem como uma maior fiscalização sobre as descargas dessa empresa", instalada em Vila Velha de Ródão.

A Quercus, a maior organização ambiental portuguesa, explicou, em comunicado, que recebeu nos últimos dias, várias denúncias de cidadãos sobre descargas poluentes com as mesmas características dos fenómenos descritos pelo proTEJO.

A Quercus adianta ainda que tem vindo a alertar as autoridades para a poluição no Tejo e que esta situação "ocorre pela falta de actuação em conformidade com a gravidade da situação, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente e do próprio Ministério do Ambiente". A associação ambientalista exige uma actuação firme do Ministério do Ambiente sobre as alegadas descargas poluentes no rio Tejo.

Os ambientalistas sublinham que da actuação anterior das autoridades resultou um levantamento de um auto de notícia por crime contra a natureza, remetido para o Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco e autos de notícia por contra-ordenação, remetidos para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA - ARH Tejo).

"A Quercus considera inaceitável a recorrência de crimes ambientais por parte de entidades infractoras e apela ao senhor ministro do Ambiente para retirar a licença de descarga de efluente e a licença de exploração, até resolução definitiva dos problemas que atingem o rio Tejo", lê-se no comunicado.

O documento refere ainda que o relatório da Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do Rio Tejo propõe uma "redução do caudal e da carga orgânica poluente nos efluentes sectoriais e no efluente rejeitado no meio hídrico pela Celtejo, por recurso à ampliação ou substituição da atual ETAR".

A associação ambientalista diz que a Celtejo tem um projecto de investimento ao abrigo do Sistema de Incentivos à Inovação Empresarial e Empreendedorismo para a introdução de inovações no processo de produção de pasta de papel 'tissue'. "Isto significa que o projecto é financiado por fundos europeus, que no caso da Celtejo são 21,37 milhões de euros", conclui a Quercus.

Questionado sobre a realização da manifestação contra a poluição do rio Tejo no Cais de Vila Velha de Ródão, dia 4 de Narço, às 15h, o dirigente ambientalista da proTEJO, Paulo Constantino, lembrou que "foi o próprio Governo quem reconheceu que a Celtejo é uma das principais poluidoras do Tejo e, face a estes episódios de poluição extrema, são necessárias medidas extraordinárias, urgentes e imediatas. Se o principal problema reside em Vila Velha de Rodão, é lá que nos vamos manifestar".

O Movimento pelo Tejo - proTEJO já havia escrito esta semana uma carta aberta ao ministro do Ambiente a denunciar os "fenómenos extremos de poluição que tingem as águas do rio Tejo" desde o início deste mês de Fevereiro, e a apelar à "intervenção imediata das autoridades para pôr cobro aos poluidores e aos focos de poluição". A organização deixou claro que em breve seriam anunciadas novas medidas de protesto, caso a poluição não cessasse, e convocou as populações ribeirinhas para manifestações de cidadania em defesa do rio Tejo e seus afluentes.

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