Associação entre consumo de álcool e criminalidade é elevada

Relatório dá conta de que crimes cometidos sob o efeito do álcool são em geral mais violentos do que os praticados sob influência de drogas.

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Em 2015 houve mais de 30 mil internamentos relacionados com o consumo de álcool JOSE MIGUEL TELES

Das 26.185 participações por violência doméstica registadas em 2015, 42% davam conta de consumo excessivo de álcool por parte do agressor, assinala o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e na Dependência (SICAD) no relatório sobre a situação do país em matéria de álcool, que será apresentado nesta quarta-feira no Parlamento.

Neste relatório, o SICAD apresenta mais exemplos da relação entre o consumo excessivo de álcool e a criminalidade. Por exemplo, os crimes por condução com excesso de álcool (22.873) representaram 6% de toda a criminalidade registada em 2015. Nesse ano estavam presos, por essa razão, 271 indivíduos.

Também nos inquéritos que têm vindo a ser realizados pelo SICAD constata-se que, no meio prisional, 28% dos reclusos declararam em 2014 estar sob o efeito do álcool quando cometeram os crimes que os levaram à prisão. Entre estes crimes, destacam-se o roubo e as ofensas à integridade física, “sendo, de um modo geral, mais violentos do que os cometidos sob o efeito de drogas”, frisa-se no relatório.

Também entre os jovens internados em centros educativos em 2015, 42% disseram ter estado sob o efeito do álcool em algumas situações em que cometeram crimes que levaram ao seu internamento.

Álcool leva a mais internamentos

O SICAD dá conta igualmente de que têm vindo a aumentar os internamentos médicos que têm como diagnóstico principal ou secundário causas atribuíveis ao consumo excessivo de álcool. Em 2015, o número de internamentos foi de 34.512, o que representou 2,13% do total registado em Portugal Continental. A maioria das pessoas (52%) que foram internadas com diagnóstico principal atribuível ao álcool sofria de cirrose.

Segundo dados do Instituto Nacional de Medicina Legal, dos óbitos com informação sobre a causa da morte, em 644 havia referência ao consumo de álcool. Destes, 38% foram atribuídos a acidentes, 32% a morte natural, 13% a suicídio e 6% a intoxicação alcoólica.

À semelhança do que aconteceu com o tratamento da toxicodependência, também em relação ao álcool o número de novas pessoas que entraram em tratamento foi um dos mais elevados dos últimos anos: 3704. No total estavam a ser tratadas 12.498 pessoas, das quais 657 eram reincidentes.

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