Além da proibição do nuclear, PEV quer planos de emergência testados

Ecologistas vão entregar propostas no Parlamento para proibir importação de energia produzida a partir do nuclear, para se testarem no terreno planos de emergência e para se criarem mecanismos de informação às populações.

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Enric Vives-Rubio

Mesmo que existam planos de emergência que prevêem o risco radiológico, eles não servirão para praticamente nada nem se seba a sua eficiência real se não forem conhecidos das populações e se não forem testados no terreno. Por isso, o Partido Ecologista Os Verdes vai apresentar um projecto de lei no Parlamento para que se promovam ensaios no terreno sobre situações de emergência de risco nuclear.

O anúncio foi feito pelo deputado ecologista José Luís Ferreira esta quarta-feira à tarde durante as declarações políticas no plenário. A que somou outros dois diplomas, formalizados no final das jornadas parlamentares que o PEV fez esta segunda e terça-feira nos distritos de Castelo Branco e Portalegre, dedicadas exclusivamente à central nuclear de Almaraz.

Tal como o PÚBLICO adiantou, o partido vai propor que deixe de ser permitida a importação de electricidade produzida de fonte nuclear, e também que sejam criados mecanismos de informação às populações, como acontece em caso de sismo ou no caso do dengue.

Durante as jornadas, o PEV concluiu que “há muito para fazer a vários níveis” na forma como o país e especificamente as populações e instituições da raia estão preparadas para enfrentar a ameaça nuclear. “Há entidades que não têm ideia do que fazer em caso de acidente na central de Almaraz”, contou José Luís Ferreira.

Sobre a importação de energia produzida a partir do nuclear, José Luís Ferreira defendeu que “rejeitar o nuclear significa não apenas não o produzir, mas também não o comprar e não o consumir”, e isso implica “proibir a sua importação”. “Se assim não for, a rejeição do nuclear será manca e parcial e os Verdes consideram que esta rejeição deverá ser clara, integral e inequívoca.”

José Luís Ferreira insistiu também na necessidade de o Governo, e especificamente o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros, mas também o Presidente da República, se envolverem mais activamente na oposição à construção do armazém de resíduos nucleares e terem uma posição “firme” de defesa do encerramento da central.

Na sua intervenção, a deputada socialista Maria da Luz Rosinha pediu que se espere pelo resultado da queixa do Governo à Comissão Europeia, que tem um prazo de 90 dias para se pronunciar (que termina em meados de Abril), assim como da queixa recente apresentada por um grupo de associações espanholas, cuja resposta tem que ser dada num mês.

Tanto o bloquista Pedro Soares como a comunista Ana Virgínia Pereira realçaram o perigo de qualquer problema técnico na central e vincaram a necessidade de uma convergência no Parlamento, no Governo e no Estado para o encerramento da central.

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