Netanyahu insiste que embaixada dos EUA deve mudar para Jerusalém

Primeiro-ministro israelita acredita que "com tempo" todas as embaixadas em Israel serão transferidas para a cidade.

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Benjamin Netanyahu chega para a reunião do conselho de ministros, este domingo em Jerusalém LUSA/ABIR SULTAN / POOL

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, veio atirar este domingo mais uma acha para a fogueira em que se tornaram as relações dos Estados Unidos com o mundo muçulmano depois das polémicas directivas de Donald Trump, ao insistir que o Presidente norte-americano deve transferir a sua embaixada para a cidade de Jerusalém – uma medida que vai ao arrepio de 70 anos de política diplomática e que a acontecer deitará por terra o processo de paz israelo-palestiniano.

A possível mudança da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém foi uma das muitas iniciativas de política externa avançadas por Trump durante a campanha eleitoral, e é defendida por David Friedman, o advogado que nomeou para o cargo de embaixador em Israel. No entanto, não foi considerada como uma das prioridades da nova Administração, segundo confirmou o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. “Não há nenhuma decisão iminente, estamos ainda numa fase muito preliminar de discussão dessa matéria”, disse.

E segundo o relato da Casa Branca, esse assunto não foi sequer abordado durante o telefonema de cerca de 30 minutos entre o Presidente e o primeiro-ministro israelita na semana passada. Só que Netanyahu não está interessado em deixar esmorecer a discussão, e este domingo veio clarificar a “posição oficial e inequívoca” do seu Governo sobre o assunto. “Consideramos, hoje e sempre, que a embaixada dos Estados Unidos devia estar em Jerusalém, que é a capital de Israel. E não só a embaixada dos EUA, mas todas as embaixadas deviam estar aqui. Acredito que, com tempo, isso vai acabar por acontecer”, declarou.

As declarações mostram que o primeiro-ministro israelita não vai deixar de pressionar a Administração Trump (e o lobby judaico nos Estados Unidos) para a transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém, apesar de conhecer os riscos que tal decisão acarretaria, para a segurança do país e da região. O território de Jerusalém é disputado por israelitas e palestinianos, e é por isso que nenhum Governo aceitou sedear a sua embaixada na cidade: os líderes árabes já fizeram saber que qualquer passo dos EUA no sentido de rever esse acordo seria entendido como um reconhecimento da anexação de Jerusalém Oriental por Israel, que teria como resposta o fim do reconhecimento do Estado judaico pelo mundo árabe.

Netanyahu não se ficou por aqui. Numa outra provocação que tornará ainda mais difícil que as autoridades palestinianas aceitem regressar à mesa das negociações, o primeiro-ministro prepara-se para submeter ao Parlamento, esta segunda-feira, uma proposta para a “regularização” dos colonatos construídos sem licença em território ocupado da Cisjordânia – só em 2016, 15 mil colonos judeus mudaram para novos bairros que são ilegais ao abrigo da lei internacional.

Antes de deixar a presidência, Barack Obama deu ordens à embaixadora dos EUA nas Nações Unidas para se abster na votação de uma resolução do Conselho de Segurança a condenar a construção de colonatos judeus na Cisjordânia, vistos como um dos grandes obstáculos ao avanço do processo de paz. Donald Trump prometeu, nessa altura, que quando chegasse à Casa Branca “as coisas iam ser diferentes”.

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