Trump quer limitar acolhimento de refugiados e exilados políticos

A recuperação dos programas de detenção e interrogatório de suspeitos de terrorismo em prisões secretas no estrangeiro também está nos planos do Presidente dos EUA.

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Refugiados sírios na Jordânia Reuters

Até ao fim da semana, o Presidente Donald Trump promete voltar a usar a caneta para limitar significativamente o acolhimento nos EUA de refugiados e exilados políticos ou religiosos de países africanos ou do Médio Oriente, que não poderão exceder os 50 mil por ano.

Segundo adiantaram fontes da Casa Branca, o Presidente vai decretar a suspensão provisória (por quatro meses) do programa de realojamento de refugiados, que foi alargado por Barack Obama para responder à crise global exacerbada pela guerra na Síria, para rever e apertar os critérios para o seu acolhimento nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, vai restringir – a título temporário, mas imediatamente – a entrada de todos os candidatos a asilo provenientes da Síria, Líbia, Irão, Iraque, Somália, Sudão e Iémen, países de maioria muçulmana e que estão a viver guerras civis ou conflitos étnicos.

As medidas anunciadas esta quarta-feira são mais uma prova – tanto para os apoiantes de Donald Trump como para os seus críticos – de que as promessas de campanha serão levadas à letra, apesar de vários conselheiros e do próprio Presidente terem suavizado a sua retórica anti-imigração e anti-islão. Segundo a Casa Branca, as duas decisões não têm fundamentos políticos ou religiosos, antes destinam-se a atender à necessidade de eliminar os possíveis riscos para a segurança nacional.

Citado pela BBC, o presidente do National Iranian American Council, Trita Parsi, lembrou que “na campanha [Trump] prometeu banir os muçulmanos para proteger os EUA dos jihadistas, e agora está a dar os primeiros passos para implementar essa promessa vergonhosa e discriminatória. Mas este decreto não vigorará”.

Vários analistas jurídicos e activistas dos direitos humanos estimam que não será muito difícil contestar juridicamente a directiva de Donald Trump como inconstitucional.

Outras acções que estarão previstas, com profundas repercussões em termos de mudanças da política dos EUA e da sua imagem no resto do mundo, principalmente no Médio Oriente, têm a ver com a recuperação dos programas de detenção e interrogatório de suspeitos de terrorismo em prisões secretas no estrangeiro, ou da inclusão da Irmandade Muçulmana na lista das organizações classificadas como terroristas pelo Departamento de Estado.

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