“Estou com vocês a 1000%”, diz Trump à CIA

Num discurso laudatório para a agência que tanto criticou, o Presidente também disse que os EUA deviam ter "ficado com o petróleo" do Iraque e aproveitou para atacar os jornalistas.

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Uma visita cheia de elogios Carlos Barria/Reuters

Já se antecipava uma visita com adjectivos sonantes, destinada a tentar começar a sarar as feridas abertas pelas críticas que fez à agência de serviços secretos pela investigação à pirataria informática russa durante a campanha eleitoral americana. “Eu adoro-vos, eu respeito-vos, não há ninguém que respeite mais a CIA do que eu”, afirmou o Presidente Donald J. Trump numa curta passagem pela sede da agência, em Langley, onde falou para 300 oficiais e funcionários.

“Estas pessoas são realmente extraordinárias, muito poucas pessoas poderiam fazer o vosso trabalho”, continuou o chefe de Estado que recentemente comparou a agência civil de serviços secretos externos dos Estados Unidos com a polícia da Alemanha nazi a propósito da divulgação pelos media do relatório que acusa a Rússia de ter participado activamente nos ataques informáticos que visaram a campanha de Hillary Clinton. Críticas que atingiram o auge quando se soube que havia um anexo desse relatório sugerindo que Moscovo tinha informação comprometedora sobre ele.

Como já fez tantas vezes antes, Trump diz que não foi nada do que se pensou e culpou os jornalistas. A visita à sede da CIA, no primeiro dia completo da sua presidência, justifica-se, disse, por estar “envolvido numa guerra com os media”, sugerindo que foram os jornalistas a inventar o seus comentários sobre a agência. “Às vezes vocês não têm o apoio que querem mas eu estou totalmente do vosso lado.”

Trump falou ainda do “terrorismo radical islâmico” para afirmar que “tem de ser erradicado, é o mal”, numa escolha de palavras reminiscente do discurso “ou estão connosco ou contra nós” de George W. Bush no pós-11 de Setembro. A CIA, defende, ainda não usou “as suas capacidades reais”. “Temos sido limitados”, afirmou, numa aparente referência à proibição da tortura, uma das ordens executivas assinadas por Barack Obama no seu primeiro dia no cargo de Presidente, em Janeiro de 2009.

O novo Presidente fez-se acompanhar do seu nomeado para dirigir a agência, o congressista Mike Pompeo, “o único tipo” que conhece capaz de assumir este cargo e “talvez a mais importante” das suas nomeações. Pompeo deverá suceder a John Brennan, o ainda director que a semana passada fez um raro comentário político, avisando Trump para ter cuidado com o que diz a propósito das duras críticas que ele fez à agência.

Num discurso descrito como “estranho” pela repórter da Foreign Policy Laura Rozen na sua página de Twitter, o Presidente americano também disse que “devíamos ter mantido o petróleo” antes da retirada do Iraque, país que os EUA de Bush invadiram em Março de 2003, numa guerra que Trump apoiou na altura mas contra a qual jurou ter estado durante a campanha presidencial que o levou à Casa Branca.

Entre muitos comentários panegíricos, também lhe ocorreu dizer que pensa ter “o recorde de capas da [revista] Time”, um pretexto para se queixar de mais um jornalista. Horas depois de ter usado o Twitter para elogiar alguns media, como a televisão Fox News, “pelos grandes resumos” do seu discurso de tomada de posse, acusou os jornalistas de mentirem sobre a multidão reunida para a cerimónia, assegurando, erradamente, que encheu o Mall de Washington.

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