"Não se podem esperar milagres" nas negociações de Chipre

Conferência internacional discutiu garantias de segurança à ilha. Guterres elogia progressos, mas avisa que "é preciso paciência"

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Guterres com o Presidente cipriota Nicos Anastasiades e o líder cipriota turco Mustafa Akinci Reuters

António Guterres, que se estreia nos grandes palcos internacionais nas negociações para a reunificação de Chipre elogiou “a coragem e determinação” de todos os envolvidos nas conversações em Genebra, mas avisou que “não se podem esperar milagres”. “É preciso paciência. Não estamos à procura de uma resposta rápida, mas de uma solução sólida e sustentável” para o diferendo, afirmou.

Ao quarto dia de negociações, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Grécia e Reino Unido juntaram-se às duas delegações cipriotas que desde o início da semana tentam desatar os nós cegos que há décadas mantêm inalterada a divisão da ilha – precipitada em 1974 pela invasão do Exército de Ancara, com o pretexto de proteger a minoria turca da ilha de um golpe que tinha o objectivo de unir Chipre à Grécia.

Os cipriotas gregos exigem o fim da presença militar turca, mas ao final do dia não havia sinais de que Ancara estivesse disposta a ceder, abdicando do estatuto de garante da segurança da ilha, ao contrário do que já prometeram fazer Londres e Atenas. A manutenção do status quo, “que tem sido a base da segurança da ilha nos últimos 43 anos, é uma necessidade tendo em conta a situação na região”, afirmou o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu.

Havia a indicação de que a conferência internacional poderia prolongar-se por mais um dia, mas ao início da noite o ministro grego dos Negócios Estrangeiros, Nicos Kotzias, adiantou que o mais provável seriam os três países acordarem a criação de um grupo de trabalho para discutir as garantias de segurança à ilha, voltando os chefes da diplomacia a reunirem-se em Genebra a 23 de Janeiro.

Também presente em Genebra, o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, assegurou que o futuro Estado unificado de Chipre será “rapidamente integrado na UE, da qual não faz hoje parte o terço norte da ilha, a actual República Turca do Norte de Chipre, só reconhecida por Ancara. 

 

 

 

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