Empresas exportadoras esperam acelerar vendas este ano

Esperada uma subida de 5,3% nas exportações, com uma recuperação maior fora da UE.

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Empresas prevêem um aumento de vendas próximo dos 6% nas vendas de material de transporte para países da UE DANIEL ROCHA

Depois de um ano intermitente nas exportações, as empresas esperam uma aceleração das vendas de bens para os mercados externos este ano, contando com um crescimento nominal de 5,3%. A projecção, conhecida nesta terça-feira, foi calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a partir de um inquérito feito a uma amostra representativa do tecido exportador (3072 empresas que em 2015 somavam exportações acima de 250 mil euros e que à data representavam uma significativa maioria das vendas ao estrangeiro, cerca de 90%).

O crescimento esperado para 2017 significa uma aceleração face ao ponto de partida de há um ano, em que as empresas esperavam um aumento das vendas de 1,4% em 2016 (previsão que meses mais tarde seria revista em ligeira baixa, para 1,3%). O inquérito diz respeito apenas às exportações de bens, deixando de fora as vendas de serviços ao exterior.

Para este ano, o Governo aponta para uma subida de 4,2% nas exportaçoes, embora este dado não seja directamente comparável com as perspectivas das empresas, porque junta os bens e os serviços.

O ano que passou foi muito intermitente nas vendas de mês para mês comparando com cada um dos períodos homólogos do ano anterior. De Março a Julho as exportações de bens estavam em queda face a 2015, nos dois meses seguintes já tiveram crescimentos superiores a 5%, em Outubro voltaram a cair e no penúltimo mês do ano – ficou a saber-se ontem – tiveram uma expressiva subida de 7,6%, que acabou por ser melhor o desempenho do ano. Feitas as contas a 11 meses do ano, as vendas de mercadorias apresentam uma estagnação (variação de 0,04%, com as exportações a totalizarem 46.209 milhões de euros).

Com a recuperação de alguns mercados que tinham registado quebras significativas (como Angola) e com a diluição de alguns factores conjunturais, como as paragens de produção de exportadoras relevantes como a Galp e a Autoeuropa, as empresas estão agora mais optimistas.

Para os países da União Europeia – para onde Portugal mais vende – as previsão é de um aumento de 4,1%, com o destaque do INE a ir para as vendas de material de transporte e acessórios, onde se espera um acréscimo próximo dos 6%; para os mercados extracomunitários, as empresas esperam uma aceleração mais acentuada, de 8,9%, prevendo-se que as vendas de máquinas e acessórios subam perto de 15% e o material de transporte 12%.

Excluindo o segmento dos combustíveis, “as perspectivas reveladas pelas empresas indicam um aumento esperado de 4,5% em 2017” (somando UE e extra-UE). Em Maio o INE volta a apresentar uma segunda previsão onde será possível saber qual é a previsão das exportadoras quando já tiverem percorrido os primeiros meses de 2017.

“Quando questionadas sobre uma eventual correcção aos valores de exportações esperados para 2016, as empresas na sua globalidade não declararam alterações significativas, mantendo-se globalmente inalterada a previsão de crescimento efectuada em Maio”.

As previsões que as empresas fizeram em relação a 2016 foram melhores do que a evolução global das exportações até Novembro, mas o INE frisa que as diferenças “são em larga medida expectáveis atendendo às naturezas distintas das duas operações estatísticas, nomeadamente em termos do âmbito de fluxos comerciais cobertos”. As variações são nominais, “traduzindo assim o efeito combinado das variações esperadas de preços e de quantidades”, o que é mais visível no caso dos combustíveis, onde a volatilidade tem sido maior.

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