Turquia: referendo sobre Constituição que dará mais poder a Erdogan em Abril

Governo de Ancara espera que Trump não cometa "os mesmos erros" que a Administração Obama em relação à Turquia.

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Erdogan quer um regime presidencialista, para ser ele a governar Umit Bektas/Reuters

O Parlamento turco começa esta segunda-feira a discutir o projecto da nova Constituição, que deverá ir a referendo na primeira semana de Abril, anunciou o vice-primeiro-ministro Nurettin Canikli.

Esta alteração tem como grande objectivo dar ao Presidente Recep Erdogan maiores poderes, eliminando o cargo de primeiro-ministro e criando um regime que concentra os poderes no Presidente da República, que terá de pertencer a um partido político. 

Segundo Canikili, a discussão do texto no Parlamento deve estar concluída em 18-20 dias. Deverá, depois, ser levado à votação e prevê-se que seja aprovado, uma vez que o Partido de Erdogan, no poder, o Justiça e Desenvolvimento (AKP), tem maioria no Parlamento e o projecto de revisão constitucional é o apoiado pelo Partido do Movimento Nacional (MHP), uma formação de extrema-direita.

Este apoio, no entanto, esta longe de gerar unanimidade. Um vice-presidente do MHP, Ümit Özdag demitiu-se, criticando o apoio dado aos planos de Erdogan pelo líder do partido, David Bahçeli. "Em vez de proteger a Constituição, como disse no juramento que fez, Bahçeli vai ser cúmplice da pessoa que constantemente a viola e abrir caminho para uma mudança que permitirá um regime dominado por uma só pessoa. A História não lhe perdoará", disse ao jornal turco Cumhuriyet.

O ministro Nurettin Canikli, em declarações aos jornalistas, disse também esperar uma mudança na política americana para com a Turquia, quando Donald Trump tomar posse, no dia 20 de Janeiro - pediu que não se cometam "os mesmos erros".

O próprio Presidente Erdogan fez decalrações no mesmo sentido. "Queremos os EUA ao nosso lado contra o terrorismo de uma forma forte. Acredito que isso será possível com a Administração Trump, depois de 20 de Janeiro".

Assuntos em aberto entre a Turquia e os EUA são a exigência de extradição do imã Fethullah Gülen, que Erdogan considera responsável pela tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho do ano, e ainda o fim do apoio dos EUA às Unidades de Protecção do Povo, as unidades militares curdas que combatem no Norte do Iraque contra o grupo islamista Daesh.

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