Novo Banco: supervisor escolhe Lone Star mas avisa para impacto nas contas públicas

Banco de Portugal recomenda fundo norte-americano, mas diz que vai continuar a aprofundar negociações com os restantes interessados. A oferta, admite o regulador, tem impacto nas contas públicas.

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As negociações sobre quem fica com o Novo Banco arrastam-se há meses Patrícia Martins

O Banco de Portugal (BdP) acaba de divulgar a sua avaliação às ofertas de compra do Novo Banco e recomenda, como já era esperado, que o Governo equacione a venda da instituição ao fundo norte-americano Lone Star. Mas refere que vai continuar a aprofundar negociações com os restantes interessados. O regulador assume que a oferta do fundo norte-americano tem impacto nas contas públicas.

Na sua nota, em tom cauteloso, o supervisor refere “que, no cumprimento do seu mandato relativamente ao processo de venda do Novo Banco, concluiu, com base nos elementos disponíveis nesta data, que o potencial investidor Lone Star é a entidade mais bem colocada” para comprar a instituição liderada por António Ramalho. E com condições para “finalizar com sucesso o processo negocial”, pelo que “decidiu convidá-lo para um aprofundamento das negociações”. 

Depois de reunir o Conselho de Administração do BdP, Carlos Costa deixa claro ainda que “esta nova fase de negociações com o potencial investidor Lone Star não exclui a melhoria das propostas dos restantes” candidatos. Neste novo ciclo de negociações, para além do Lone Star, o supervisor “não exclui [avaliar] a melhoria das propostas dos restantes potenciais investidores” e que “já mostraram disponibilidade para o fazer”. Em causa estão o China Minsheng e o fundo de investimento norte-americano Apollo, articulado com o Centerbridge. 

Apesar da sua recomendação ao Governo, Carlos Costa admite que, embora a oferta escolhida (Lone Star) seja “a que mais assegura os objectivos” de estabilidade do sistema financeiro e de reforço da confiança no banco, “apresenta condicionantes, nomeadamente um potencial impacto nas contas públicas.” Dificuldades que o BdP afirma que vai agora “procurar minimizar ou remover no aprofundamento” na próxima ronda de conversações.

O Governo já veio afirmar que recusará soluções que impliquem a concessão de garantias públicas — como as que exige o Lone Star e a Apollo —, ou seja, que ponham em risco dinheiro dos contribuintes. E que, caso considere que as propostas não são credíveis, pode decidir manter o Novo Banco no perímetro público. Mas esta será sempre uma solução de última linha.

A deliberação do BdP, conhecida ao final da noite desta quarta-feira, está escrita com grande disponibilidade para acolher alternativas que possam entretanto surgir. Segue-se a uma conversa entre Carlos Costa e António Costa, que decorreu esta terça-feira, sobre o tema. E que serviu para o primeiro-ministro traçar as linhas vermelhas.

A proposta do China Minsheng esteve à frente das preferências das autoridades, mas acabou por falhar na recta final. E só depois de o investidor se ter revelado incapaz de provar que tem condições para pagar o investimento que admite realizar no Novo Banco. A abertura de um último período de contactos pode dar tempo para os chineses, caso tenham fôlego, se apresentarem junto de Carlos Costa com uma prova de fundos. 

Por seu turno, o fundo Apollo/Centerbridge apareceu, esta quarta-feira, com uma proposta de aquisição do Novo Banco revista e que voltou a ser considerada pouco consistente pela equipa do BdP. Mas poderá introduzir novas alterações de modo a ajustar as condições ao que o vendedor do Novo Banco requere.

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