Mãe acusada de lançar filhas ao Tejo descrita em tribunal como agressiva e conflituosa

Na segunda sessão do julgamento, foi ouvido o pai das crianças, Nélson Ramos, também acusado pelo avô das meninas de ameaçar e agredir a ex-mulher.

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Buscas no rio Tejo na zona da praia de Giribita, Caxias Enric Vives-Rubio

O pai das duas meninas que morreram afogadas numa praia em Caxias pediu para Sónia Lima sair da sala antes de depor. Aquela que foi mãe das suas filhas e companheira até Novembro de 2015 está acusada do duplo homicídio das meninas de quatro anos e 19 meses. Morreram na noite de 25 de Fevereiro de 2016, quando entrou com as duas ao colo mar dentro.

Na segunda sessão do julgamento, nesta quarta-feira, no Tribunal de Cascais, a tentativa de reconstituir os últimos dias ou meses antes do trágico acontecimento por parte do procurador e da juíza resultou em versões muito diferentes quanto ao que terá sido o comportamento do pai e da mãe durante a relação. Começou calma, mas ter-se-á transformado num conflito irreconciliável.

Foram ouvidos o pai das crianças, Nélson Ramos, o taxista que tirou Sónia Lima da água, e o pai desta, bem como a tia, madrinha e a prima. Uma nova sessão foi marcada para dia 16 de Janeiro, para ouvir a irmã e o irmão de Sónia Lima. Esta que foi inquirida na primeira sessão do julgamento em Dezembro.

Não o deixavam ver as filhas?

Enquanto Nélson Ramos se queixou de que não lhe estaria a ser facilitado o acesso às filhas, (enquanto aguardava a decisão do tribunal sobre a regulação das responsabilidades parentais), o pai de Sónia Lima disse que “ela não andava bem” desde que saíra de casa do companheiro, não comia nada e perdera muito peso, que teria sido agredida e sofria com os telefonemas e as “ameaças constantes” do ex-companheiro que passaria o tempo a dizer: “Se as meninas não ficarem comigo, também não ficam contigo.”

Nélson Ramos, por sua vez, apresentou Sónia Lima como uma pessoa com comportamentos “agressivos” e “uma paranóia de perseguição”, que, pelo seu lado, o terá intimado a sair de casa. Já o avô das meninas disse que foi ele, Nélson Ramos, que pôs a mulher fora de casa; e apontou “a falta do dinheiro” do casal como origem dos conflitos que rapidamente se teriam agravado a partir do momento em que o pai das meninas terá começado a mostrar nervosismo relativamente a essa situação.

Sobre o dia em que as crianças morreram o pai de Sónia Lima não esclareceu se esta saíra de casa dos pais, onde estava com as meninas, deixando a malinha das primeiras necessidades das filhas, num sinal de que já não tencionava voltar, como tentou perceber o procurador (deixando subentender implicitamente que ela já teria em mente fazer o que fez).

A mesma pergunta, repetida várias vezes, não teve uma resposta clara, o que chamou a atenção da juíza, que no início lhe dissera que ele, como pai da arguida e avô das crianças, podia recusar-se a depor, para não ser obrigado a incriminar a filha. A partir do momento em que aceitava depor, estaria obrigado a dizer a verdade.

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