Turquia lança caça ao homem que matou 39 pessoas em discoteca

“Eles querem semear o caos no país”, disse Erdogan depois de um ataque a uma discoteca de Istambul.

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A polícia turca lançou uma caça ao homem para tentar capturar o atacante que na noite de passagem de ano entrou na discoteca Reina, em Istambul, e matou 39 pessoas e ferindo mais de 60. O atacante pôs-se em fuga e até ao momento não houve ainda uma reivindicação do atentado.

O Presidente Recep Tayyip Erdogan reagiu ao ataque domingo de manhã, declarando que este visa “semear o caos no país”. Num comunicado divulgado pela Presidência, Erdogan diz: “Eles trabalham para destruir o moral do país e semear o caos, escolhendo civis como alvo dos seus ataques de ódio.” Mas garantiu que a Turquia está determinada: “Como nação, vamos combater para acabar não apenas com os ataques armados dos grupos de terroristas, mas também os ataques económicos, políticos e sociais.”

Das 39 vítimas mortais, pelo menos 15 são estrangeiras. A secretaria de Estado das Comunidades afirma que não tem para já qualquer informação sobre cidadãos portugueses entre os mortos e feridos deste atentado. "Para já, das informações de que dispomos não há vítimas portuguesas. Mas estamos a acompanhar [o caso]", disse o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, numa mensagem escrita enviada ao PÚBLICO.

As autoridades turcas ainda não divulgaram as nacionalidades de todas as vítimas, mas a Bélgica anunciou que pelo menos um cidadão belga morreu no atentado, Israel disse que uma cidadã israelita morreu e outra está ferida e o Governo francês identificou três franceses entre os feridos. De acordo com confirmações oficiais, entre as vítimas mortais estão pelo menos cinco sauditas, três jordanos, dois libaneses e dois tunisinos. Haverá também cidadãos de Marrocos e da Líbia entre as vítimas mortais.

O ministro turco do Interior, Suleyman Soylu, sublinhou que se tratou de um acto de terrorismo e disse que a polícia estava mobilizada para localizar o responsável pelo massacre que, segundo os relatos, usou uma kalashnikov para disparar indiscriminadamente sobre as cerca de 600 pessoas que se encontravam na discoteca a celebrar a chegada do novo ano. “Esperamos capturá-lo rapidamente”, disse o ministro.

“De uma forma selvagem e impiedosa, [o atacante] metralhou pessoas que tinham vindo simplesmente celebrar o novo ano”, declarou por seu lado o governador de Istambul, Vasip Sahin. Passava cerca de uma hora depois da meia-noite quando o homem se aproximou da discoteca e, ainda no exterior, matou um polícia e um civil, confirmou Sahin. Os relatos iniciais referiam mais do que um atacante, mas não há qualquer confirmação de que o homem tivesse cúmplices.

O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, desmentiu entretanto também que o homem estivesse vestido de Pai Natal, como tinha sido avançado, e adiantou que a arma do ataque foi deixada na discoteca.

Uma noite de horror

“Estávamos a divertir-nos”, contou ao jornal turco Hurriyet Sinem Uyanik, uma mulher que estava no interior da Reina no momento do ataque e descreveu o cenário, com muita gente coberta de sangue. O marido, Lutfu Uyanik, ficou ferido mas sem gravidade. “De repente, as pessoas começaram a correr. O meu marido disse-me para não ter medo e caiu em cima de mim. As pessoas corriam por cima de mim. O meu marido foi atingido em três sítios. Consegui retirar vários corpos de cima de mim para poder sair. Foi terrível.”

Sefa Boydas, um jogador profissional de futebol que também de encontrava na Reina, descreveu o pânico que se apoderou das pessoas: "Enquanto eu avançava, as pessoas pisavam outras". E Maximiliano, um turista italiano citado pela AFP, contou que todos os que estavam na discoteca tinham ido para passar um bom momento, mas "de repente tudo se transformou em caos e numa noite de horror."

Dezenas de ambulâncias começaram a chegar rapidamente ao local onde se situa a discoteca, à beira do Bósforo, para o qual muitas pessoas se atiraram procurando fugir aos tiros. O proprietário da discoteca, Mehmet Kocarlan, disse também ao Hurriyet que tinham sido adoptadas medidas adicionais de segurança depois de os Estados Unidos terem alertado para os riscos de um atentado.

No dia 22, os EUA lançaram um aviso, alertando para o facto de que grupos extremistas “continuam os seus esforços agressivos para realizar ataques por toda a Turquia”, em zonas onde vivem americanos ou que são visitadas por turistas americanos, e avisava as pessoas para terem cuidado com espaços frequentados por multidões durante a época festiva.

A Turquia tem sido alvo de ameaças crescentes da parte do Daesh e dos seus apoiantes e este é já o quarto atentado que se regista no país em menos de um mês. Há poucos dias, lembra o The New York Times, a Nashir Media Foundation, um grupo identificado como sendo pró-Daesh, divulgou pelo menos três mensagens nas quais apela a atacantes individuais no Ocidente para transformarem a época das festas em dias de “terror e sangue” e apelando especificamente a atentados em discotecas, mercados e cinemas.

Os apelos referiam directamente a Turquia. “Ataquem as embaixadas e consulados da Turquia e todos os países da coligação onde quer que estejam”, dizia uma das mensagens. “Transformem a felicidade e alegria deles em tristeza e as festas deles em funerais”. Também o líder do Daesh, Abu Bakr al-Baghdadi, apelou a ataques contra a Turquia.

O Presidente norte-americano, Barack Obama, expressou condolências e ofereceu a ajuda dos EUA às autoridades turcas. Ned Price, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, reafirmou o apoio à Turquia —“nosso aliado na NATO” — e a determinação de Washington em “enfrentar e derrotar todas as formas de terrorismo”. 

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