Estar para as curvas

Se eu for sincero, acredito que 2017 não pode ser tão mau como 2016. Mas vai ser.

No fim do ano passado previ que 2016 não poderia ser pior do que 2015. Foi. Muito pior.

Este ano não vou cometer o erro de pensar que 2017 não vai ser muito pior do que 2016. Mas vai. Pode não ser muito pior (como poderia ser?), mas vai ser pior.

Fazer previsões é aliciar o futuro a trocar-nos as voltas. É fácil de mais confundir aquilo que se quer que aconteça com aquilo que vai acontecer, quer queiramos, quer não. A verdade é que não fazemos a mais pequena ideia. O que é difícil não é ser desiludido: é aceitar que não temos a mais pequena ideia.

Por outro lado, duvido que aconteçam todas as coisas más que temos medo que aconteçam. O erro é sempre o mesmo: pensar que as nossas expectativas contribuem para o que acaba por acontecer.

Há coisas marcadas, como eleições. Damos sempre importância de mais às coisas marcadas, só porque têm uma forte probabilidade de acontecer. As sondagens andam birutas e as pessoas que elas consultam são cada vez mais mentirosas. Como conseguiremos resistir ao conforto enganador dos números?

O coração diz-me que 2017 vai ser um ano de alívio e um intervalo. Diz-me ou pede-me? Pede-me. É de um ano assim que precisamos. E é por isso que, se eu for sincero, acredito que 2017 não pode ser tão mau como 2016. Mas vai ser.

É tudo relativo, infelizmente. Por que pensamos tanto em 2016 quando pensamos em 2017? Porque a verdade é que, bem vistas as coisas, não vemos nada à frente. Felizmente.

 

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