Geert Wilders publica tweet com Merkel de mãos ensanguentadas

Irmão do líder de extrema-direita holandês pede desculpa pela iImagem. Líderes anti-imigração europeus tiveram reacção coordenada contra a chanceler alemã.

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Geert Wilders lidera um partido eurocéptico, além de anti-Islão e anti-imigração Francois Lenoir/REUTERS

Geert Wilders, o líder de extrema-direita holandesa e anti-Islão, reagiu ao atentado de Berlim com um tweet chocante, que traduziu em imagem a acusação que os radicais anti-imigração europeus faziam à chanceler alemã, por causa da política de portas abertas aos refugiados: Angela Merkel tem as mãos sujas de sangue.

Uma imagem vale mais que mil palavras, e o insulto visual valeu pelos muitos que foram apenas pronunciados. Tanto assim foi que Paul Wilders, o irmão mais velho de Geert – que não partilha as suas ideias – recorreu também ao Twitter, onde praticamente nunca vai, para pedir desculpa. “Quase nunca tweeto. As minhas sinceras desculpas pelo comportamento do meu irmão e pelos tweets. Votem como quiserem!”, afirmou, já a pensar nas eleições legislativas de Março na Holanda, em que o partido do irmão vai à frente nas intenções de voto, batento até a formação do actual primeiro-ministro Mart Rutte.

A mais recente sondagem, assim como cinco outros estudos de opinião, indica que Wilders conseguiria 31 a 37 dos 150 deputados que compõem o Parlamento, o que significa que tem o apoio de 20% a 25% dos holandeses. O partido de Rutte caiu para um valor entre 15% e 17,5%, diz o site Dutch News.

Os partidos de extrema-direita europeus, que são unânimes em atacar a imigração, essencialmente os imigrantes muçulmanos, reagiram à notícia do atentado de Berlim com um discurso que afina pelo mesmo diapasão – a condenação da política de “boas-vindas” aos refugiados posta em prática por Merkel em 2015, ao contrário do que aconteceu noutros países da União Europeia (UE) – e na própria UE como um todo.

Wilders acusou os líderes europeus de “cobardemente” terem aberto as portas aos migrantes. “Merkel e os outros líderes autorizaram cobardemente o terrorismo islâmico e um tsunami de pedidos de asilo com as suas políticas de fronteiras abertas”, declarou o político, que é igualmente eurocéptico.

Uns e outros batem sucessivamente na mesma tecla. O Aurora Dourada grego, que além de xenófobo é claramente nazi, afirmou que “os criminosos nazis disfarçados de ‘refugiados’ assassinaram cidadãos". “São os mortos de Merkel”, declarou no Twitter uma das figuras destacadas do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha.

“É infelizmente a política migratória da chanceler alemã que é responsável por este acontecimento terrível em Berlim”, declarou Andrej Babis, vice-primeiro-ministro checo – alguém com responsabilidades governativas.

França, Áustria, Reino Unido – a grande internacional reaccionária, anti-imigração e anti-islão reagiu a uma voz. Mais do que lamentar o atentado, ou oferecer solidariedade à Alemanha, a primeira preocupação foi condenar Angela Merkel. “É bem tempo de o dizer, Merkel é directamente responsável por numerosos problemas relativos ao terrorismo na Alemanha”, declarou o inglês Nigel Farage. Houve um esforço concertado para criar no imaginário dos europeus a imagem que Wilders não se coibiu de criar através do Photoshop.

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