Investimento de 2,5 mil milhões duplica capacidade portuária em dez anos

Estratégia do Governo para aumentar competitividade prevê criação de 12 mil postos de trabalho e investimento em todos os portos do continente. Plano apresentado pela ministra do Mar inclui terminal de contentores do Barreiro e omite Porto de Faro

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Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, anunciou a criação de 12 mil novos postos de trabalho Rui Gaudêncio

A estratégia do Governo para o aumento da competitividade dos portos portugueses, apresentada em Sines pela ministra do Mar, com a presença do primeiro-ministro, prevê um investimento total de 2,5 mil milhões de euros até 2026, com o objectivo de aumentar a capacidade de carga em 88%, para 78 milhões de toneladas.

A estratégia aponta para um investimento, sobretudo, privado (83%), mas também de fundos comunitários (6%) , cabendo ao Estado 11% do total, ou seja, 275 milhões de euros. Ana Paula Vitorino justificou a não abrangência dos portos da Madeira e Açores com a “autonomia regional” mas garantiu disponibilidade do Governo da República para “integrar” propostas dos governos regionais.

O terminal do Barreiro é referido no plano como uma das obras a concretizar, mas não é apontado qualquer valor de investimento ou objectivo de carga. A ministra tem dito sempre que a concretização deste projecto dependerá do interesse e investimento privado. Já o Porto de Faro é omisso no documento e também não foi referido. Recorde-se que a viabilidade económica deste porto algarvio está posta em causa, devido à quebra de produção da cimenteira de Loulé.

Ana Paula Vitorino, que fez a apresentação da estratégia, anunciou a criação de 12 mil novos postos de trabalho. "Temos um resultado muito firme à nossa vista: criar 12 mil novos postos de trabalho até 2030", disse a ministra, acrescentando que os portos nacionais são uma peça fundamental do Plano Nacional de Reformas e "cruciais para maximizar a vantagem competitiva da centralidade euro-atlântica de Portugal". "A nossa ambição é constituir Portugal como um importante pólo logístico de excelência na Europa e potenciar os portos como rampa de lançamento nas restantes actividades ligadas à economia do mar", disse Ana Paula Vitorino, convicta de que a estratégia do Governo irá aumentar e melhorar os negócios relacionados com a economia do mar.

António Costa anuncia ferrovia

O primeiro-ministro anunciou que o concurso público para o primeiro troço da ligação ferroviária entre Sines e Espanha vai ser lançado em Março de 2017. “Em Março será aberto concurso para a ligação entre Elvas e a fronteira, o primeiro concurso para avançar a ligação do Porto de Sines ao interland ibérico”, disse António Costa.

O primeiro-ministro disse também que "Portugal tem potencial para o crescimento da actividade portuária", salientando que a fachada atlântica portuguesa está incluída numa rota de comércio global, que constitui uma aposta da China para as próximas décadas.

"Sermos incluídos nesta estratégia significa que temos um enorme potencial de crescer nesta nossa actividade portuária", disse António Costa, depois de sublinhar o contexto favorável do comércio internacional por via marítima.

"O comércio internacional com base na navegação marítima tem um cenário favorável e Portugal tem uma posição privilegiada. O contexto internacional favorece-nos, porque, sendo nós membros da comunidade ibero-americana, não podemos ignorar uma alteração fundamental que resultou da entrada em funcionamento da duplicação do canal do Panamá, que valorizará, seguramente, as rotas entre o Pacífico e o Atlântico", disse António Costa.

Autarcas satisfeitos

Os autarcas de Sines e Barreiro, presentes na cerimónia, mostraram -se agradados com o plano para os portos.  Nuno Mascarenhas (PS), de Sines, aproveitou para reivindicar a conclusão da A26, troço da auto-estrada que ligará Sines a Beja, e considerou que “o sector portuário está, outra vez, no bom caminho”. O autarca do Barreiro (CDU) ficou “satisfeito” com a inclusão do terminal de contentores e disse esperar que o concurso público avance em breve.

“É mais um passo, a afirmação clara por parte do Governo de que [o terminal de contentores] é para avançar. Os estudos de impacte ambiental irão, com certeza, este ano para a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] e a partir dai é preparar o concurso público internacional para a sua concretização.”, afirmou Carlos Humberto de Carvalho ao PÚBLICO.

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