Acusações de interferência da Rússia nas eleições "são ridículas", diz Trump

Presidente eleito dos EUA recusa completamente a análise dos serviços secretos sobre ciberataques aos partidos americanos.

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“Estão a discutir umas com as outras, não têm a certeza”, disse Trump sobre as agências de informações americanas Lucas Jackson/REUTERS

Donald Trump considera “ridículas” as conclusões da CIA sobre a interferência da Rússia nas eleições norte-americanas de forma a favorecer a sua eleição para a presidência. “Não acredito. Eles não sabem se é a Rússia ou a China ou seja lá quem for” que pirateou o servidores dos partidos durante a campanha, disse numa entrevista à televisão Fox News.

Em mais uma afronta às várias agências de informação americanas, que já têm feito saber a sua preocupação pela falta de interesse do Presidente eleito em receber briefings diários, Trump voltou a destratar os espiões. “Vou ouvi-los quando for preciso. Eu sou uma pessoa inteligente. Não têm de me dizer a mesma coisa, com as mesmas palavras, todos os dias, durante os próximos oito anos”, afirmou, confiante já na reeleição e em manter-se na Casa Branca até aos 78 anos.

O motivo da sua desconfiança, explicou Trump, é que várias agências de informação não concordam entre si. “Estão a discutir umas com as outras, não têm a certeza”, disse à Fox, com a candura de quem relata as desavenças entre os concorrentes de um reality show.

Enquanto o Presidente eleito retrata a manipulação das eleições americanas como um mistério insondável, senadores republicanos e democratas juntaram-se numa declaração que diz que os ciberataques russos "devem preocupar todos os americanos", cita a Reuters.

A atitude despreocupada do Presidente eleito entra em colisão com alguns elementos do seu próprio partido. “Os factos estão lá. Deve-se investigar se a Rússia queria interferir até ao ponto de eleger um determinado candidato”, defendeu na CBS o senador republicano John McCain, um dos que se está a movimentar para tentar que o Congresso investigue esta questão de forma bipartidária.

A entrevista da Fox – que só será transmitida ao fim da tarde – está recheada de declarações polémicas.

O Presidente eleito falou do nome que está a ser avançado como a sua escolha para próximo secretário de Estado: Rex Tillerson, o director-geral da multinacional petrolífera Exxon-Mobil, uma das maiores empresas do mundo, com ligações a Vladimir Putin.

Sem confirmar ainda a sua escolha, Trump elogiou Tillerson. “Ele é muito mais do que um gestor. Ele tem a seu cargo o que acho que é a maior empresa do mundo”. Quanto aos seus negócios na Rússia, e amizade com Putin, não é um problema. “É uma grande vantagem. Já conhece muitos dos intervenientes, e faz negócios gigantes na Rússia.”

O Presidente eleito questionou também se os EUA têm de estar limitados pela política de “uma China”, a propósito do telefonema da Presidente de Taiwan – que ele não deveria ter recebido. Foi o primeiro contacto com Taiwan de um Presidente norte-americano desde que Jimmy Carter alterou o reconhecimento diplomático da China pelos EUA, aceitando que Taiwan integra a República Popular da China, em 1979.

“Compreendo a política ‘uma China’, mas não sei porque é temos de ficar limitados por ela, a não ser que negociemos com a China sobre outras coisas, incluindo o comércio”, afirmou ainda o Presidente eleito dos EUA.

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