Trump volta ao Twitter para lançar mais farpas à China

Reagindo ao protesto diplomático de Pequim por causa de conversa com a Presidente de Taiwan, Trump critica política monetária e pretensões territoriais do Governo chinês.

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Trump prometeu durante a campanha adoptar uma posição mais dura face à potência asiática Mark Kauzlarich/Reuters

Depois do telefonema para Taiwan, o Presidente norte-americano eleito, Donald Trump, voltou a apontar baterias à China com duas mensagens no Twitter em que critica a política monetária e as pretensões territoriais de Pequim.

O Governo chinês, que no sábado apresentou um protesto diplomático em Washington pela inédita conversa entre Trump e a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, voltou a mostrar-se contido na reacção às posições do futuro inquilino da Casa Branca, sem deixar de fazer um aviso. “É evidente que as relações económicas entre a China e os Estados Unidos são mutuamente benéficas”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, perante os insistentes pedidos dos jornalistas para comentar os tweets publicados domingo à noite na conta pessoal de Donald Trump. “Não temos qualquer comentário a fazer sobre a razão pela qual a equipa de Trump os difundiu”, acrescentou.

O Presidente eleito, que durante a campanha prometeu adoptar uma posição mais dura face à potência asiática, voltou à carga no domingo, numa aparente resposta à indignação chinesa com a sua conversa com Tsai – o primeiro contacto directo entre um presidente ou presidente eleito dos EUA e o chefe de Estado de Taiwan desde que, em 1979, Jimmy Carter reconheceu Pequim como o poder legítimo.

“A China perguntou-nos se não havia problema em desvalorizar a sua moeda (tornando mais difícil as nossas empresas competirem) e impondo grandes taxas aos produtos que vendemos para o país deles (os EUA não taxam os deles), ou se podia construir um enorme complexo militar no meio do mar do Sul da China? Não me parece”, escreveu Trump no Twitter, retomando as acusações de que Pequim manipula a sua divisa – contribuindo para a perda de competitividade da economia americana – e de pretender estender a soberania sobre uma das principais vias de comércio marítimo, ignorando os territórios reivindicados pelas nações vizinhas.

Apesar das invectivas, a China mantém-se firme na recusa em comentar o que poderá ser uma mudança na política de Washington para a Ásia, a começar pelo estatuto de Taiwan. “O mundo está muito ciente da posição solene da China. Os Estados Unidos, incluindo a equipa do Presidente eleito, estão muito cientes da posição solene da China”, insistiu Lu Kang, já depois de o vice-presidente eleito, Michael Pence, ter dito que a conversa entre Trump e Tsai não passou de um “telefonema de cortesia” e responsabilizando a imprensa pela polémica gerada. A reacção mais dura acabou por partir da imprensa oficial – num editorial publicado sábado, o jornal China Daily atribuiu o telefonema “à inexperiência de Trump e da sua equipa de transição em lidar com as relações externas”.

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