Rumo aos Óscares, prémios para Moonlight, Manchester by the Sea, Affleck e Huppert

Prémios Gotham e do National Board of Review dos EUA começam a indicar o caminho para Fevereiro, com Amy Adams também na corrida.

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A corrida começou. Já foram atribuídos os primeiros galardões e já foram proferidos os primeiros discursos da temporada de prémios de cinema nos EUA. Na terça-feira, tanto o National Board of Review quanto os votantes dos Gotham Independent Film Awards apresentaram as suas escolhas e apostas e destacaram Moonlight e Manchester by the Sea, foram unânimes quanto ao desempenho de Casey Affleck neste último e dividiram-se entre uma emocionada Isabelle Huppert – com a imprensa francesa a sentir já o aroma do Óscar - e Amy Adams.

Nesta fase, a um mês do final do ano e a três meses da noite dos Óscares, são ainda ténues e pouco claras as ligações entre os prémios atribuídos por cinéfilos, académicos, cineastas e alunos (National Board) ou pelo sector do cinema independente (Gotham) e a noite da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Os votantes não se sobrepõem de forma significativa ou nada têm mesmo em comum, mas começa a sentir-se o pulso ao sector nos EUA. Tanto Moonlight quanto Manchester by the Sea trazem já consigo favoritismo.

O primeiro, um filme de Barry Jenkins (Medicine for melancholy)sobre um jovem homossexual afroamericano e o seu crescimento num bairro duro de Miami, foi destacado pelo prémio dado pelo Independent Filmmaker Project (a maior associação ligada ao cinema indie norte-americano, presidida pela portuguesa Joana Vicente) como melhor filme, argumento, elenco e prémio do público.

Manchester by the Sea, de Kenneth Lonergan, em que um tio fica repentinamente como cuidador do seu jovem sobrinho e se vê forçado a regressar a uma comunidade piscatória que tinha abandonado, foi o melhor filme para o National Board mas viu escapar o prémio de realizador para Jenkins. Lonergan recebeu ainda assim o prémio de argumento Casey Affleck, no papel do tio protagonista, foi o escolhido por ambos os júris. O “Oscar buzz” em torno de Affleck ganha ímpeto – “nunca pensei que me fosse importar tanto” por receber o prémio, disse em Nova Iorque -, tal como, para o Le Figaro ou a revista Premiere, acontece com Isabelle Huppert. Aliás, o diário francês associa a vitória de Huppert à possibilidade de Elle, como filme candidato por França à nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, ser um dos cinco escolhidos pela Academia.

Apesar de ter perdido para outra favorita, Amy Adams pelo seu papel de linguista no filme de contacto com alienígenas Arrival, de Dennis Vileneuve, junto do National Board of Review, venceu nos Gotham – uma “vitória surpresa”, classifica o IndieWire. E brindou o público com um discurso emotivo, pouco habitual na esfíngica actriz francesa, pelo reconhecimento do seu papel em Elle, de Paul Verhoeven. Ofegante, “sem palavras”, “disseram-me que era um prémio muito americano. Um prémio muito nova-iorquino”, disparou sorridente, depois de ter subido ao palco ao som da versão orquestral da música do genérico de O Sexo e a Cidade. Pelo caminho deixou Natalie Portman (Jackie) ou Annette Bening (20th Century Women). “’És francesa, por isso provavelmente não o ganhas’”, citou, agradecendo a Verhoeven por ser “destemido e um pouco imoral, o que é bom hoje”, disse numa noite também marcada por comentários à eleição de Donald Trump.

Os Gotham distinguiram ainda o documentário O.J.: Made in America, de Ezra Edelman, a nova série de televisão Crazy Ex-Girlfriend, e o National Board of Review premiou ainda os filmes Kubo e as Duas Cordas (animação, de Travis Knight) ou The Salesman (estrangeiro, de Asghar Farhadi).

Nas próximas semanas, a corrida continuará, com as decisões do New York Film Critics Circle e da Los Angeles Film Critics Association, e depois com as nomeações, essas sim bons indicadores dos Óscares, do Screen Actors Guild (a 14 de Dezembro). Nos últimos dois anos, os Gotham “acertaram” no vencedor do Óscar de Melhor Filme, com Birdman (ou A Inesperada virtude da Ignorância) e O Caso Spotlight.

  

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