Candidatura a Lisboa “seria diferente” com apoio do PSD, diz Cristas

Líder do CDS e candidata à câmara visitou o Bairro da Cruz Vermelha, em Lisboa.

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Nuno Ferreira Santos
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Quando estava prestes a entrar no prédio, Maria Catarina da Silva, 66 anos, empregada de limpeza, não escondeu a sua surpresa ao encontrar uma pequena comitiva liderada por Assunção Cristas, líder do CDS e candidata à Câmara Municipal de Lisboa. E mostrou o seu desagrado ao presidente da Associação de Moradores: “Não me disse que tínhamos convidados! Não voto em si, mas voto nesta menina”. Entre sorrisos e beijinhos, a moradora começa a conversa como se conhecesse a família da líder do CDS: “Os seus meninos estão bons?”. “A mais pequena já tem três anos”, responde a deputada. “Ah, como o tempo passa”, replica.

Esta moradora do Bairro da Cruz Vermelha, no Lumiar, em Lisboa, não fez queixas sobre as casas danificadas, mas as que se aproximaram de Assunção Cristas aproveitaram para fazer reclamações sobre a degradação das casas municipais. Quando encontrou Maria Catarina da Silva, a candidata à Câmara de Lisboa, acompanhada pelo vereador do CDS João Gonçalves Pereira, tinha precisamente saído de um dos prédios mais antigos do bairro para testemunhar o mau estado das casas. A “presidente”, como lhe chamavam na Associação de Moradores, foi ouvindo algumas residentes sobre as avarias dos elevadores – por arranjar há mais de um ano - ou a impossibilidade de os filhos ficarem a morar no bairro mesmo quando há casas vazias. Segundo as contas da Associação há mais de 100 casas que estão livres mas que precisam de obras antes de voltarem a ser entregues a novas famílias.

A visita – a primeira a um bairro social que a candidata torna pública – começou na associação de moradores e percorreu algumas ruas durante esta tarde. No final, em declarações aos jornalistas, a candidata à câmara aproveitou as palavras do presidente da Associação de Moradores para dizer que este é um “bairro esquecido”. “É uma Lisboa que não conhecem e onde é preciso intervenção”, afirmou. Questionada sobre quais as suas propostas para a habitação social, a candidata assumiu que este ainda é o tempo de ouvir, de andar no terreno, e não de avançar com medidas.

Já um eventual apoio do PSD também mereceu poucas palavras. “A decisão do CDS foi tomada independentemente de outros partidos”, respondeu. E seria útil? “Seria, sem dúvida, um desafio diferente. O PSD e outros partidos têm o seu tempo”, acrescentou. Assunção Cristas também não quis falar dos temas que abordou na reunião, na semana passada, com o presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes, visto como um possível candidato do PSD à Câmara de Lisboa, em Outubro de 2017. A líder do CDS preferiu enfatizar as “preocupações” que leva do bairro e o “trabalho que há a fazer”.

“Os bairros não podem estar votados ao esquecimento enquanto se fazem obras bonitas na cidade”, afirmou. Uma das moradoras, que já vive no bairro há mais de 30 anos, queixava-se: “Nunca arranjaram nada. Tenho água a cair pelo tecto da minha casa de banho”. Antes, Assunção Cristas visitou o clube desportivo do bairro, onde se pratica boxe num pavilhão degradado. Ao lado, há um centro social, que pertence à Musgueira, mas onde os moradores precisam de pagar para frequentar, queixava-se um dos elementos que acompanhou os responsáveis da associação na visita. Mais à frente, a candidata passou pela esquadra do bairro, entrou para cumprimentar os agentes, e encontrou duas crianças, entre os nove e os 10 anos, a quem recomendou: “Joguem à bola, mas estudem”.

Mesmo em frente aos prédios que precisam de obras há grandes blocos de apartamentos inacabados e que os promotores não conseguiram vender, por causa da proximidade ao bairro “problemático”, na descrição da associação de moradores. Ali, dizem, haveria espaço suficiente para acolher as muitas famílias que vivem nas habitações degradadas e, em muitas situações, sobrelotadas. Assunção Cristas foi repetindo: “Há muito trabalho a fazer.”

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