Colômbia: novo acordo de paz entre Governo e FARC

Nova versão acolhe alguns pontos exigidos por quem votou "não" no referendo.

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Aperto de mão entre os negociadores em Havana AFP/YAMIL LAGE
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Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia AFP/JUAN DAVID TENA

O Governo da Colômbia e os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) chegaram neste sábado a um novo acordo de paz, mais de um mês depois de o anterior ter sido chumbado em referendo pelos colombianos.

O novo texto incorpora algumas das exigências dos que defenderam o “Não” no referendo de 2 de Outubro.

“Chegámos a um novo acordo final para terminar o conflito armado, que integra mudanças, precisões e propostas sugeridas pelos mais diversos sectores da sociedade”, diz um comunicado conjunto, após uma nova ronda de negociações em Havana.

As duas partes anunciaram que ao final do dia vão colocar online um documento com as mudanças e os novos elementos do acordo, de forma a que os colombianos possam tomar conhecimento delas.

Segundo o El País, fontes das duas partes garantem que os guerrilheiros não vão ser presos e poderão participar na política, sendo, no entanto, obrigados a entregar uma lista dos seus bens.

O acordo inicial previa a entrega de armas das FARC e a transformação deste movimento de guerrilha num partido político, mas o campo do “Não”, liderado pelo ex-Presidente Alvaro Uribe, exigia sanções mais duras para os ex-guerrilheiros.

“Estamos convencidos de que este documento propõe um caminho viável” para pôr fim ao conflito, sublinhou Humberto de la Calle, chefe da equipa de negociadores do Governo colombiano, argumentando que os ajustes feitos “não sacrificam as convicções que marcaram o primeiro acordo”.

Do seu lado, o chefe da delegação das FARC, Ivan Marquez, afirmou que o movimento fez “um esforço mais importante para responder às aspirações de paz” e que o “único caminho do novo acordo deve ser a sua aplicação”.

As duas partes não explicaram se o novo acordo será sujeito a referendo.

O anterior acordo, que valeu o prémio Nobel da Paz ao Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, foi chumbado nas urnas por uma maioria de 50,2% dos colombianos que participaram na consulta popular. Ambas as partes, no entanto, manifestaram o desejo de manter os esforços de paz e desde então decorrem negociações para pôr fim a um conflito que fez oficialmente 260 mil mortos, perto de sete milhões de deslocados e cerca de 45 mil desaparecidos.

Paralelamente, às negociações com as FARC o Governo colombiano tinha previsto iniciar conversações com a segunda guerrilha do país, o Exército de Libertação Nacional, mas o processo foi suspenso pelo Governo, que exige a libertação de um ex-deputado que foi feito prisioneiro pelo ELN.

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