Obama em maratona de comícios para eleger Hillary Clinton

O Presidente dos EUA, com uma popularidade de 58%, sabe que só a vitória da candidata democrata garante o seu legado histórico. "Tudo o que fizemos nos últimos anos depende disso.

Foto
Barack Obama mobiliza os apoiantes de Clinton em Jacksonville, na Florida AFP/NICHOLAS KAMM

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e toda a sua família estarão em palco ao lado de Hillary Clinton e de toda a sua família, na segunda-feira em Filadélfia, no que se prevê seja um comício apoteótico de encerramento da campanha presidencial da candidata democrata à Casa Branca.

Será o derradeiro esforço de Obama para garantir que, em Janeiro, entrega o cargo a alguém que acredita nas mesmas coisas que ele, justificou o Presidente. “Para mim, é muito importante. Tudo o que fizemos nestes últimos anos depende disso, e é por isso que digo a quem se importa em preservar todas as nossas conquistas que não pode ficar em casa e tem de ir votar”, sublinhou, consciente de que uma parte importante do seu legado histórico – por exemplo a assinatura do acordo do clima, ou a normalização das relações diplomáticas com Cuba e o irão – pode ficar comprometido ou mesmo ser revertido por uma Administração republicana.

Quando faltavam duas semanas para as eleições, a Casa Branca informou que a agenda diária do Presidente até 8 de Novembro estaria repleta de acções de campanha: Obama tenciona fazer tudo ao seu alcance para convencer os norte-americanos a votar em Hillary Clinton. Nos últimos três dias passou pelo Ohio e pela Carolina do Norte, um estado fundamental na aritmética do Colégio Eleitoral de Clinton, e onde a participação do eleitorado afro-americano pode fazer a diferença. Esta quinta-feira esteve na Florida – um território de combate, que poderá até nem ser indispensável para a vitória da democrata (mas cuja conquista certamente lhe garante uma super-maioria).

“Há uma razão para este programa de campanha tão agressivo: a equipa de Hillary Clinton acredita que não existe melhor mensageiro, nem tão eficaz, do que o Presidente Obama”, explicou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Há uma outra razão, que este responsável não mencionou: o Presidente é, nesta altura, a figura política mais popular nos EUA, com uma taxa de aprovação de 58%, um enorme carisma e um talento invulgar para inspirar e mobilizar o eleitorado.

O grau de envolvimento de Obama na campanha de Hillary Clinton é uma raridade em termos históricos: segundo notam os académicos que estudam a presidência, nos últimos cem anos nenhum dos ocupantes da Casa Branca participou em tantos actos políticos (desde o início de Outubro, o Presidente tem feito entre um e três comícios por semana). Sem recuar tanto no tempo, basta lembrar que, em 2008, o Presidente George W. Bush, desgastado no fim do mandato, manteve-se afastado da campanha do republicano John McCain, por causa da sua impopularidade. Antes disso, no ano 2000, a decisão do candidato democrata, Al Gore, de distanciar-se do Presidente Bill Clinton pode ter sido um dos grandes erros da sua campanha, dizem agora os historiadores. A mesma estratégia fora seguida, em 1988, por George Bush, que quase não contou com o Presidente Ronald Reagan na sua campanha – os seus estrategas temiam que a personalidade do Presidente fizesse sombra ao candidato republicano.

Mas a campanha de Hillary Clinton, que é uma das concorrentes menos populares à Casa Branca (pior do que ela só mesmo o seu adversário, Donald Trump), não teme a comparação com Obama – para a candidata, o Presidente é uma mais-valia. Além de que a sua presença na campanha também poderá ser decisiva na corrida dos democratas pela recuperação da maioria no Senado.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários