Chefe de gabinete demitido surge como licenciado em louvor de Jorge Lacão

Em 2011, num louvor publicado em Dário da República , Jorge Lacão refere-se ao "licenciado Nuno Miguel de Aguiar Félix".

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pedro cunha

O chefe de gabinete do secretário de Estado do Desporto, que hoje se demitiu depois de ser conhecido que declarou erradamente que era licenciado, recebeu um louvor em Diário da República por serviços prestados, no qual é mencionado como licenciado.

No louvor publicado em Diário da República, a 5 de Julho de 2011, na sequência da queda do Governo socialista de José Sócrates, o então ministro dos Assuntos Parlamentares Jorge Lacão, no momento em que o executivo cessava funções, destacou “a colaboração” prestada no trabalho do seu gabinete pelo “licenciado Nuno Miguel de Aguiar Félix”.

Segundo o jornal Observador, que hoje noticiou a demissão do chefe de gabinete, na altura em que exerceu funções de assessor de Jorge Lacão, o Correio da Manhã terá noticiado os valores da contratação dos serviços de Nuno Félix, por ajuste directo, para as áreas de comunicação e produção de conteúdos na Presidência do Conselho de Ministros.

Os dois contratos para serviços prestados por Nuno Félix, por ajuste direto, estão publicitados no portal Base, que publica os contratos públicos realizados pelo Estado. Os dois contratos em questão tiveram a duração de um ano, num caso, e de 290 dias, noutro, mas um custo aproximado de 49 mil euros em cada caso.

O louvor pelos serviços prestados apresenta Nuno Félix como sendo licenciado.

Através de uma comunicação escrita, Nuno Félix disse que nunca tinha dito, para nenhuma das funções que exerceu, que era licenciado.

O chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto, Nuno Félix, demitiu-se esta sexta-feira, depois de ter sido tornado público que não concluiu as duas licenciaturas que surgiram no seu primeiro despacho de nomeação (fevereiro de 2016).

De acordo com a nota escrita, Nuno Félix declarou, “para efeitos de despacho de nomeação”, que tinha uma licenciatura em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e outra em Direito, pela Universidade Autónoma, tendo ambas as instituições desmentido que o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto as tenha concluído.

As duas universidades confirmaram apenas a frequência dos cursos por Nuno Félix, mas afirmam que as licenciaturas nunca foram concluídas.

Já esta semana, o primeiro-ministro António Costa aceitou o pedido de demissão do seu adjunto para os Assuntos Regionais, Rui Roque, também por declarar, para efeitos de despacho de nomeação, uma licenciatura que não detinha, um caso igualmente avançado pelo jornal Observador.

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