CDS pede demissão do ministro da Educação e PSD "preocupado"

Em causa as falsas licenciaturas do chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto.

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O ministro da Educação já desmentiu o seu antigo secretário de Estado ricardo campos

O deputado do CDS-PP João Almeida defendeu nesta sexta-feira que o ministro da Educação se deve demitir, por alegadamente ter ocultado as falsas licenciaturas do chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto. Numa nota enviada à comunicação social, o ministro Tiago Brandão Rodrigues já desmentiu que tivesse conhecimento desta situação.

“A confirmarem-se os factos que foram noticiados, o ministro da Educação não tem quaisquer condições para continuar no exercício do cargo. Nenhum membro do Governo pode ocultar uma situação de falsas declarações sobre um grau académico e, por maioria de razão, não o pode fazer o ministro da Educação”, disse João Almeida.

O chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto, Nuno Félix, demitiu-se nesta sexta-feira, depois de ter sido tornado público, pelo Observador,  que não concluiu as duas licenciaturas que constavam do seu despacho de nomeação publicado em Diário da República.

Neste despacho, que foi depois rectificado, constava que Nuno Félix era licenciado em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e em Direito, pela Universidade Autónoma, tendo ambas as instituições desmentido que o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto as tenha concluído.

Segundo o Observador, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, tinha conhecimento do caso mas decidiu manter o chefe de gabinete em funções. Ao mesmo jornal, João Wengorovius (que o PÚBLICO tentou contactar) afirmou que quis afastar Nuno Félix mas que foi o próprio ministro da Educação que o impediu. No passado mês de Abril, Wengorovius acabou por se demitir, por "estar em desacordo" com o ministro da Educação. Félix manteve-se no cargo.

Tiago Brandão Rodrigues também já desmentiu as declarações do ex-secretário de Estado, insistindo que as razões da demissão de Wengorovius não se prenderam com questões relacionadas com o seu chefe de gabinete.

O PSD manifestou a sua "maior preocupação" com o que diz ser "mais uma fraude" nos currículos dos Governo e disse tratar-se de um "padrão de mentira e encobrimento" que exige ver esclarecido pelo ministro da Educação.

"O PSD manifesta a sua maior preocupação pelos dados, pelas informações que foram hoje reveladas pela imprensa acerca de mais uma fraude nos currículos dos governantes e ainda por cima de alguma lógica de encobrimento que parece ter existido neste último caso", afirmou o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim.

Para o deputado Carlos Abreu Amorim, parece tratar-se de "um padrão de mentira e de encobrimento" e "a serem verdadeiras as informações que hoje foram reveladas, o senhor ministro da educação revela ter um sentido de Estado completamente invertido.

"Preferiu a manutenção de um chefe de gabinete que estava a mentir à manutenção de um secretário de estado que queria repor a verdade", sustentou o social-democrata.

Nesse sentido, "o grupo parlamentar do PSD exorta o senhor primeiro-ministro António Costa a obrigar o seu ministro da Educação a dar as explicações ao país, aos portugueses, explicações que têm que ser minuciosas, cabais e contundentes".

"Neste momento é preciso saber se o sentido de Estado está ou não salvaguardado neste Governo ou se de facto existe o tal padrão de mentira e de encobrimento", assinalou o social-democrata para quem "a responsabilidade está não apenas no senhor ministro da Educação, mas também no senhor primeiro-ministro António Costa".

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