Informação “escondida” impede comparação de custos e coberturas dos seguros

Aconselhamento sobre seguros é muito deficiente, mas não por desconhecimento total destes produtos.

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Para um computador a utilizar apenas em casa pode compensar a extensão da garantia. Nelson Garrido

O acesso à informação sobre os seguros de equipamentos electrónicos está propositadamente dificultado, inviabilizando, assim, a comparação de custos/coberturas deste produto, que são assegurados por várias companhias de seguros. Os sites dos grandes distribuidores multimarca e nas próprias pontos de venda a informação não está  acessível aos clientes. Isso mesmo confirmou o PÚBLICO, recorrendo à figura de “cliente mistério”, isto é, visitando lojas de três grandes cadeias como se de um mero cliente se tratasse. As marcas das lojas não serão identificadas por se tratar de uma pequena amostra de distribuidores existentes no mercado nacional e de se ter tratado de mero contacto exploratório.

Os funcionários abordados foram diligentes e até se revelaram conhecedores dos produtos, mas a informação só é prestada com perguntas específicas, o que só é possível para quem tem conhecimento prévio das vantagens e desvantagens dos produtos.

A primeira informação prestada foi sempre limitada e de certa forma enganadora. “O seguro cobre furto, roubo, quedas acidentais e derrame de líquidos”, garantiu um dos funcionário abordados, enquanto outro disse com grande convicção que “cobre furto e roubo, basta apresentar o auto de polícia [a prova de queixa apresentada às autoridades policiais”.

Quando questionados sobre as diferenças entre furto e roubo todos conheciam genericamente a diferença,  embora com imprecisões graves.“Furto é quem deixa que lhe roubem o telemóvel e roubo é se for ameaçado com um faca”, referiu um dos funcionários. A necessidade de testemunhas do roubo e de  prova de arrobamento não foram referidas nos três casos.

Sobre a cobertura de danos acidentais, provocados por quedas ou derrame de líquidos, nunca foi referida a exclusão relativamente a líquidos corrosivos. Mas um dos funcionários fez questão de alertar: “Não vale deixar o telemóvel várias horas na piscina, porque há formas de detectar se foi um derrame de líquidos acidental ou propositado”.

Mas nem tudo foi negativo nas visitas. O PÚBLICO conseguiu, com relativa facilidade, sair de duas lojas com cópias de apólices de seguro e numa delas o funcionário até se disponibilizou para anotar numa folha os custos dos seguros para um telemóvel e um computador portátil, dentro de um determinado intervalo de preços.

E ainda outra nota positiva: em duas lojas, e perante a intenção de compra de um computador portátil com seguro, os funcionários perguntaram se o equipamento seria utilizado num lugar específico ou se seria transportado com frequência para outros locais. Isto porque, explicaram, se é para ficar num sítio fixo pode ser mais útil uma extensão da garantia, que "cobre problemas de funcionamento" e "há o risco de desgaste do equipamento". E ainda que, "o risco de roubo ou danos acidentais é menor quando anda de um lado para outro".

O seguro de prolongamento da garantia  (que não existe para telemóveis) pode ficar ligeiramente mais barato que o seguro por furto por arrombamento, roubo e danos acidentais. Um computador entre 400 e 600 euros. O seguro ficava por 44,90 euros por  79,90 euros por 2 anos. A extensão da garantia custava 29,90 euros por um ano (a somar aos dois anos de garantia do fabricante), e 79,90 euros por mais de três anos suplementares.

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