Equador confirma que cortou acesso à Internet de Assange

O país reconheceu que "restringiu temporiamente" as ligações de Assange horas depois de os Estados Unidos negarem qualquer envolvimento.

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AFP/FABRICE COFFRINI

O Governo equatoriano admitiu esta terça-feira que "restringiu temporariamente o acesso a algumas comunicações privadas" de Julian Assange, fundador do WikiLeaks.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros daquele país explica que "o WikiLeaks publicou uma série de documentos, com impacto na campanha eleitoral norte-americana". "[Assim], o Governo do Equador respeita o princípio de não-intervenção nos assuntos internos de outros Estados. Não interfere nos processos eleitorais externos, nem o faz a favor de nenhum candidato em particular."

Desta maneira, esclarece-se que o "Equador colocou em prática o seu direito soberano" de cortar algumas das comunicações de Julian Assange na embaixada daquele país em Londres, local onde o fundador do WikiLeaks se encontra em exílio desde 2012. No documento lê-se também que "esta restrição temporária não impede o WikiLeaks de prosseguir com as suas actividades jornalísticas".   

Horas antes, os Estados Unidos negaram qualquer envolvimento no corte do acesso à Internet de Assange.

Nos últimos dias, o grupo utilizou o Twitter para denunciar o corte na ligação de Assange, acusando o Governo do Equador e, mais tarde, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, citando “múltiplas fontes americanas”.

O Departamento de Estado desmentiu as acusações através do porta-voz John Kirby: “Qualquer sugestão de que o secretário Kerry ou o Departamento de Estado estiveram envolvidos na desconexão do WikiLeaks é falsa. Relatos de que o secretário Kerry teve conversações com as autoridades equatorianas sobre isto é simplesmente mentira. Ponto final.”

De acordo com um tweet publicado pelo grupo responsável pela divulgação de milhares de emails pirateados relativos a Hillary Clinton, John Kerry interveio junto do Governo do Equador para evitar que fossem publicados “documentos de Clinton durante as negociações de paz com as FARC”. 

Kerry terá deste modo discutido a matéria com o Presidente equatoriano, Rafael Correa, à margem da cerimónia de assinatura do acordo de paz entre a Colômbia e as guerrilhas das FARC no dia 26 de Setembro, na cidade colombiana de Cartagena.

O desmentido por parte dos EUA surge na sequência de uma série de tweets publicados pelo WikiLeaks, denunciando o corte da ligação à Internet de Assange, depois de terem sido divulgados emails com discursos de Hillary Clinton que foram pagos pelo banco de investimento Goldman Sachs. 

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