O caderno de encargos do filme-catástrofe

Pode ser escandinavo, mas Alerta Tsunami é tão mau como a concorrência americana.

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Alerta Tsunami: puramente funcional e utilitário
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A curiosidade é inevitável: afinal, o que diferencia um filme-catástrofe escandinavo de um filme-catástrofe americano? A resposta, de acordo com Alerta Tsunami, é peremptória: muito pouco ou quase nada. O filme do norueguês Roar Uthaug pode ser menos abertamente fantasista do que a produção de Hollywood do género 2012 ou San Andreas – faz aliás questão de se ancorar em factos geológicos da geografia específica dos fiordes escandinavos.

Mas, no resto, esta história de uma família que uma onda gigante criada pela queda de um pedaço de montanha coloca em perigo – uma espécie de versão norueguesa de O Cume de Dante - recorre exactamente aos mesmos clichés e falácias narrativas a que o cinema americano nos habituou. Desde o geólogo conscencioso à beira de partir para a grande cidade às criancinhas em risco, passando pelo casal idoso que se vê deixado para trás e pelas decisões sacrificiais (mesmo que encenadas com um pouco mais de seriedade e gravidade do que os americanos o fariam), Uthaug cumpre à risca todos os elementos do caderno de encargos - o que é bastante decepcionante, porque o cinema escandinavo costuma ser menos abertamente derivativo. Faz pensar no excelente Força Maior de Ruben Östlund (com o qual partilha à superfície a ideia de uma família que uma catástrofe vem abalar), mas é só, porque se limita a usar o drama familiar como combustível para a já proverbial demonstração de efeitos especiais. Alerta Tsunami é um objecto puramente funcional e utilitário.

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