Suinicultores criam selo de qualidade Porco.PT para promover carne nacional

Selo de excelência deverá implicar toda a fileira e estar nas prateleiras no início do próximo ano

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Nelson Garrido

Os suinicultores vão criar a marca Porco.PT para atribuir à carne de porco feita em Portugal que cumpra padrões de excelência e que deverá chegar às prateleiras dos supermercados no início do próximo ano.

"A carne já tem qualidade, mas é preciso elevar a qualidade para a excelência. Queremos que o suinicultor pense que o caminho é a diferenciação, para que quando uma pessoa provar aquela carne de porco se sinta guloso, pela palatabilidade, para que amanhã lhe apeteça outra vez", disse  João Correia, porta-voz do Gabinete de Crise dos Suinicultores, que este sãbado está a assar oito porcos no espeto em Lisboa, junto à Gare do Oriente, e a distribuir gratuitamente a quem passa numa acção de promoção da carne de suíno portuguesa.

Segundo João Correia, já foi criado um caderno de encargos que tem de ser cumprido pelos produtores que queiram vir a aceder ao selo de qualidade Porco.PT e cujas medidas cobrem toda a fileira da carne de porco, incluindo fabricação da ração, transporte de animais, produção dos animais, unidades de abate, salas de desmanche até à distribuição e às unidades de venda.

Nos últimos meses, membros do Gabinete de Crise da suinicultura visitaram vários países europeus onde foram tomadas iniciativas para reforçar o sector da suinicultura, que também estava em dificuldades, sendo que a medida agora a ser tentada em Portugal do selo de qualidade é semelhante a uma que foi tomada na Suécia.

"Na Suécia, aderiu [a essa iniciativa] o maior retalhista, que tem 50% do mercado, e os outros andaram a assobiar para o lado nos últimos três anos e agora estão dispostos a pagar para ter aquele produto porque perderam vendas", disse, referindo que naquele país nórdico os consumidores passaram a valorizar a carne produzida nacionalmente.

No fim do ano passado, perante a difícil situação do sector, os suinicultores portugueses criaram o Gabinete de Crise e fizeram várias acções de protesto pelo país para pedir medidas que evitassem o colapso do sector.

Umas das principais reivindicações era o aumento do preço da carne de porco pago aos produtores, que no início de 2016 rondava os 1,05 euros por quilo, bem abaixo do custo de produção.

Actualmente, disse João Correia, o quilo da carne já é vendido em média a 1,65 a 1,70 euros, o que considera "aceitável", uma vez que "dá para libertar alguma margem - não para comprar casas ou carros -- para honrar compromissos que estavam atrasados".

Ainda assim, afirmou, apenas no primeiro semestre deste ano, desapareceram 20 mil postos de trabalho directos e indirectos, referindo que agora existem 180 mil pessoas a laborar no sector e que continuam muitos postos de trabalho "na corda bamba".

Quanto à questão da rotulagem da carne de porco nos supermercados, outra reivindicação do sector que acusava as principais cadeias de não referirem o país de origem, criação e abate do animal, levando os consumidores a pensar que era português produto que era importado, João Correia disse que a situação está bem melhor mas que o grupo Jerónimo Martins (dono do Pingo Doce) ainda não cumpre totalmente a legislação em vigor. Portugal produz cerca de 55% da carne de porco que consome.

 

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