PSD não quer colocar novo resgate em cima da mesa

Passos Coelho acredita que só por absurdo haverá intenção de um governo em repetir a situação de bancarrota de 2011.

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Passos Coelho acredita que a reversão das privatizações pelo actual Governo é que criaram alarme nos mercados Daniel Rocha

Numa semana em que a palavra resgate voltou às páginas dos jornais, o PSD quer evitar colocar na agenda a questão de um pedido de ajuda financeira, apesar de sustentar que o actual Governo está a correr riscos desnecessários que podem fragilizar Portugal. O próprio Passos Coelho aludiu a um novo resgate – sem dizer a palavra –, mas acredita que, para já, é um cenário que não está em cima da mesa. 

A hipótese de um novo pedido de ajuda externa – o quarto em democracia – serviu para a cadeia CNBC questionar o ministro das Finanças, Mário Centeno, que respondeu que a sua “principal tarefa” é evitá-lo e que o compromisso em matéria orçamental, e a redução da despesa pública, vai precisamente nesse sentido.”

Depois foi a vez de Passos Coelho, na terça-feira, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD, dizer que esse “mal maior” se vier a acontecer será por consequência de “acto deliberado” e não em resultado de  "ingenuidade, desatenção, incompetência ou distracção". Ou seja, só por vontade do Governo, tendo em conta que o país viveu essa experiência em 2011. Para Passos Coelho só por absurdo haverá uma intenção de voltar a colocar o país na bancarrota, a ponto de ter de pedir um empréstimo internacional. Como o próprio já várias vezes sublinhou, nenhum governo tem prazer em tomar medidas difíceis para a população.  

 A várias vozes, o PSD tem vindo a falar sobre os riscos da política económica do Governo PS. Passos Coelho disse mesmo em Coimbra que “é difícil maximizar mais os riscos”. Mas, ao que o PÚBLICO apurou, o PSD não pretende colocar o tema de um novo resgate na agenda nem fazer disso arma de arremesso político. Passos Coelho acredita que decisões do Governo de António Costa como a reversão das privatizações, nomeadamente da TAP, fizeram soar os alarmes a nível internacional e geraram perda de credibilidade. E é isso que o PSD considera estar na base da pergunta da CNBC.

Os dirigentes sociais-democratas consideram que o cenário de novo resgate financeiro – que só é necessário quando o país perde a capacidade de se financiar nos mercados internacionais – é muito remoto ou pode até não se vir a colocar de todo, tendo em conta o contexto europeu. Por um lado, Portugal tem estado protegido pela política do Banco Central Europeu e, por outro, a Europa tem mostrado muito mais flexibilidade após o eclodir da crise do "Brexit".

Nem os sociais-democratas querem acenar com o fantasma de um novo resgate, nem querem estar associados à palavra austeridade. O PSD argumenta que os cortes começaram a ser aplicados ainda no tempo do Governo de José Sócrates e não são um exclusivo do anterior executivo. Essa ideia foi explorada há duas semanas no discurso de Passos Coelho na Universidade de Verão – “não me venham com o espantalho da austeridade” - e voltou a ser sublinhada esta semana em Coimbra.

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