Nicolas Sarkozy anuncia candidatura às presidenciais francesas

Ex-Presidente desfaz tabu e confirma que vai concorrer às eleições primárias do partido Os Republicanos em Novembro.

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Nicolas Sarkozy confirma candidatura nas primárias do partido Os Republicanos REUTERS/Vincent Kessler/File Photo

Nicolas Sarkozy anunciou esta segunda-feira que vai tentar recuperar a presidência francesa em 2017, caso ganhe as primárias do partido conservador Os Republicanos, marcadas para Novembro deste ano.

Sarkozy, de 61 anos, abandonou o Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente da República Francesa, quando perdeu as eleições de 2012 para o socialista François Hollande – o actual Presidente tornou-se um dos líderes mais impopulares do país. “Decidi candidatar-me às eleições presidenciais de 2017. Senti que tinha a força para liderar esta batalha numa altura conturbada da nossa história”, escreveu Sarkozy nas suas páginas em redes sociais, antecipando-se à publicação da sua biografia intitulada “Tudo pela França", na próxima quarta-feira.

Uma figura hiperactiva e que divide opiniões – tanto é amado como odiado entre os eleitores da ala direita –, Sarkozy disse nos excertos do seu livro que iria concorrer às primárias de Os Republicanos em Novembro, tendo para o efeito de deixar a presidência do partido de centro-direita (a anterior UMP) para se concentrar na campanha. Mais de uma dúzia de concorrentes compete pela aprovação do partido como candidato presidencial: como favorito (e principal adversário do ex-Presidente) surge o antigo primeiro-ministro e actual presidente da câmara de Bordéus, Alain Juppé.

Sarkozy não escondeu o seu desejo de regressar ao poder desde que assumiu o comando do partido de direita mais importante em França, em 2014, mas há dois meses perdia para Juppé nas sondagens de opinião. Em Julho, antes dos ataques que abalaram o país por duas vezes em duas semanas – ambos reivindicados pelo Estado Islâmico –, superou Juppé entre as bases mais conservadoras que apoiam Os Republicanos, apesar de continuar a ser menos popular entre a faixa de eleitores que se descrevem de centro-direita.

“Os cinco anos que se seguem serão cheios de perigo, mas também de esperança”, escreveu Sarkozy, que para além de Presidente foi também ministro do Interior por duas vezes. Nos últimos meses, afirmou-se como uma das vozes mais críticas quanto ao registo de segurança de Hollande, repetindo apelos ao "fortalecimento" da França perante o aumento da imigração, impedindo a erosão da identidade secular francesa e defendendo uma maior repressão de suspeitos islamistas.

Num esforço para atrair os eleitores que estarão a sentir-se tentados pelo crescimento do partido de extrema-direita Frente Nacional em França, Sarkozy fez múltiplas referências à identidade nacional nos seus discursos mais recentes e culpou “líderes cobardes” pela perda da cultura francesa. Em entrevistas dadas à imprensa nacional, propôs "uma adaptação do Estado de Direito".

A ênfase que dá a temas polémicos como a identidade francesa e a sua habilidade de se apresentar como um líder experiente, numa altura em que a França está em estado de emergência, pode melhorar as suas hipóteses, garantem diplomatas e analistas políticos. No entanto, os problemas legais que rodeiam o financiamento do partido e os gastos excessivos da sua campanha presidencial de 2012, bem como a sua personalidade controversa, podem atraiçoá-lo.

Sarkozy acredita que foi o responsável pela recuperação da Europa durante o seu pior momento de crise económica e financeira desde a Grande Depressão, no mandato de 2007 a 2012. Mas a sua atitude abrasiva afastou muitos eleitores e o seu fraco desempenho nas reformas do mercado livre, com o objectivo de reavivar a economia, desapontou os líderes de grandes empresas francesas.

As primeiras eleições primárias do partido Os Republicanos estão marcadas para 20 de Novembro.

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