Nelson Évora foi-se aproximando, mas o pódio ficou definido no primeiro salto

Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora, após todas as dificuldades. Atleta português fez a sua melhor marca do ano, mas não conseguiu aproximar-se dos lugares do pódio.

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Foi bom, mas não foi tão bom que desse para chegar ao pódio. Na final do triplo salto, Nelson Évora obteve a sua melhor marca do ano, mas ficou longe dos adversários que preencheram os três primeiros lugares. O atleta português melhorou sucessivamente nos três saltos iniciais, garantindo um lugar entre os oito primeiros, que dá acesso à segunda fase do concurso. Aí tentou arriscar, mas três ensaios nulos fizeram com que terminasse a prova no sexto lugar, a 10cm da quarta posição mas a 55cm do bronze. A classificação de Évora vale a Portugal o sexto diploma olímpico no Rio.

O mais velho da final, com 32 anos, Nelson Évora mostrou-se bastante sereno durante a apresentação dos finalistas. Pediu o apoio do público no Estádio Olímpico do Rio de Janeiro antes de fazer o seu primeiro salto, abrindo o concurso com um ensaio a 16,90m – uma marca próxima do melhor que conseguiu este ano, e que o deixava provisoriamente no quarto lugar. Mas a concorrência já tinha mostrado ao que vinha, com o chinês Dong Bin a lograr um recorde pessoal em 17,58m. E ainda faltavam os norte-americanos: Will Claye obteve um novo recorde pessoal com 17,76m e antes o campeão olímpico e mundial em título, Christian Taylor, “voara” até aos 17,86m.

“Pensei sempre na medalha, não me deixei intimidar nunca”, vincou Nelson Évora aos jornalistas, após o final da prova. Mas nada que o português pudesse fazer seria suficiente para reentrar na luta pelos lugares do pódio. Melhorou no segundo salto para 16,93m, mas já tinha caído uma posição ao ser ultrapassado pelo colombiano John Murillo, que estabeleceu um novo recorde nacional em 17,09m. O português fez um terceiro salto a 17,03m, que lhe valeu a melhor marca do ano, mas foi insuficiente para subir na classificação.

Dentro dos oito primeiros, que têm direito a fazer mais três saltos, Nelson Évora passou circunstancialmente para sexto lugar quando Troy Doris, da Guiana, fez um belo quarto salto, a 17,33m. Seria recorde nacional, mas foi anulado. O português fez um quarto ensaio nulo e, na ronda seguinte, viu Cao Shuo subir de sexto para quarto classificado com 17,13m (melhor marca do ano para o chinês). Estava na hora de Nelson Évora arriscar. Mas o atleta português voltou a fazer um salto nulo. E, apesar do apoio que recebeu das bancadas, também não conseguiu um ensaio válido na derradeira ronda do concurso, terminando a prova no sexto lugar, com 17,03m.

“Foi a minha medalha desta época, sem dúvida. Depois de um ano com tantas dificuldades em encontrar bons saltos, consegui ter alguma consistência e arrisquei. Não consegui acertar nos últimos três ensaios, que foram nulos, mas eram saltos melhores. Não me preocupei com a tábua e tentei colocar todos os meus segredos de salto em prática, para saltar longe”, admitiu Nelson Évora. “Tentei combater o cansaço de dois dias de provas seguidos, com stress enorme e muita emoção. Abstraí-me disso e o meu corpo reagiu. Mas foram dois dias muito duros. Reagi bem, embora tivesse projectado muito mais do que isto. Acredito que ainda não dei o meu melhor”, acrescentou o campeão olímpico de Pequim 2008, campeão do mundo em 2007 e medalha de prata em 2009 e bronze em 2015 (ano em que conquistou o ouro nos Europeus de pista coberta, em Praga).

“Eles não tiveram metade dos problemas que eu tive, por isso não há que desanimar e achar que foi uma derrota”, frisou Nelson Évora, referindo-se ao calvário de lesões e operações que viveu nos últimos anos. “Terei sempre a mesma postura e lutarei sempre até ao fim para dignificar as cores nacionais”, vincou ainda o atleta português, após uma competição em que foi o único europeu a integrar o grupo de oito finalistas (há um mês, nos Europeus de atletismo, não passou à final do triplo salto). “O ‘velho’ conseguiu ser o melhor da Europa aqui nos Jogos Olímpicos. Foi uma boa prova, tenho de ficar feliz. Ambicionava mais, o meu treinador espelhou isso. Mas não se fazem milagres. Tentámos fazer, por Portugal e por tudo o que passámos. Valeu a pena esta luta”, sublinhou.

O pódio ficou definido logo na primeira ronda de saltos – Christian Taylor, Will Claye e Dong Bin obtiveram no salto inaugural as marcas que lhes valeram o ouro, prata e bronze, respectivamente. Foi mais uma etapa do domínio de Taylor na modalidade: o norte-americano, que já trazia na bagagem o ouro em Londres 2012 (com 17,81m) e também o título mundial em Pequim 2015 (18,21m), seria campeão olímpico no Rio de Janeiro com qualquer dos seus três saltos válidos. Iniciou o concurso com 17,86m, a sua melhor marca, à qual juntou dois ensaios a 17,77m. Will Claye – que ficou com a prata (tal como já tinha acontecido em Londres) – fez o melhor salto a 17,76m. E, no final, pediu a namorada Queen Harrison em casamento.

Quanto a Nelson Évora, não deixou certezas quanto aos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, mas marcou encontro para os próximos campeonatos do mundo: “Com 32 anos temos de pensar ano a ano. Agora vou de férias e, depois sim, voltarei cheio de motivação, para treinar forte e sem lesões, para que seja um trabalho contínuo. Em Londres [nos Mundiais de 2017], estaremos lá”. Um salto de cada vez.

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